Fazendo um balanço do último pleito, creio que os candidatos desatentos com relação à necessidade de realizar uma campanha digital e estruturada pagaram um preço alto. Para muitos, a fatura foi não terem logrado êxito nas urnas.
Pois, no mundo pré-covid 19, a campanha era realizada na “perna”, de porta em porta, e com aglomerações. Considerando, porém, que houve sim, eventos com o povo, no interior, de forma açodada em diversos município, e em algumas ocasiões, com intervenções e ajustes intermediados pelo Ministério Público para conter a proliferação do vírus.
Pois bem. Houve um novo modelo de campanha, com força total para as mídias digitais. Uma pesquisa realizada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, em 2019, demonstrou que o WhatsApp é a principal fonte de informação dos entrevistados, com 79%. São nada menos que 136 milhões de usuários no Brasil. A exceção é Caetano Veloso, que pode se dar ao luxo de viver fora do ambiente digital.
E a amostragem segue com os meios de informação mais populares: canais de televisão (50%); Youtube (49%); Facebook (44%); sites de notícias (38%); Instagram (30%) e emissoras de rádio (22%). O jornal impresso foi citado por 8% dos participantes da sondagem e o Twitter por 7%.
Portanto, é o óbvio ululante, como diria Nélson Rodrigues, o poder de penetração das mídias digitais junto ao eleitorado.
Lembrando que, seja no ambiente digital ou físico, uma campanha eleitoral serve para reafirmar um trabalho já realizado pelo detentor de um mandato eletivo assim como as propostas e discurso de um opositor. Desde janeiro já havia uma pré-campanha, inclusive, com um trabalho de “venda” de ideias e plataformas de governo.
Mas alguns entraram no jogo eleitoral somente nos 45 dias da campanha oficial. Obviamente, um período muito curto para almejar uma densidade eleitoral, pois é um tempo exíguo para absorção das propostas pelo eleitorado.
E, anteriormente ao pleito, já ressaltávamos que essa seria a eleição mais difícil da história para os postulantes aos legislativos municipais. Pois até o momento, o candidato que integrava uma coligação forte já tinha um grande reforço eleitoral. Mas, com o fim das coligações proporcionais, foram beneficiados os partidos que tiverem nos seus quadros os puxadores de voto. E muitos “favoritos” caíram. Alguns líderes comunitários tiveram votos expressivos das suas bases e surpresas surgiram.
O que gostaríamos de ressaltar neste pleito é a importância do conjunto da obra. Com o marketing; produção de peças; trabalho de mídias digitais; produtora de vídeos e assessoria jurídica. E, obviamente, não ocultando que houve sim, principalmente no interior, uma importância na militância e no corpo-a-corpo em tempos de Covid-19.
Além do marqueteiro, da agência, que elabora as estratégias, foi necessário o trabalho de produtoras de vídeo para a importante elaboração de peças de campanha profissionais neste formato audiovisual para as mídias digitais. O rádio voltou também a ter um protagonismo nesta campanha e muitos candidatos negligenciaram esta questão.
Portanto, o “milagre” de colocar o nome e ir para a rua não existe mais. Aliás, deixemos os milagres com a baiana Santa Dulce dos Pobres. Marqueteiros não têm esse poder.
Outra vertente na questão da necessidade de campanhas estruturadas foi o crescimento da importância da Assessoria Jurídica. Foi a campanha da “judicialização”. Uma enxurrada de representações na Justiça Eleitoral, muitas contestando as pesquisas eleitorais; direito de resposta etc.
Portanto, eleitores e candidatos. A próxima campanha exigirá muito planejamento e estrutura. Pois, volto a afirmar:
Quem planeja, tem futuro. E quem não o faz, tem destino.
*Robson Wagner é CEO da W4 Comunicação