O ex-governador Geraldo Alckmin surpreendeu o mundo político e os eleitores do PSDB ao admitir a possibilidade de ser candidato a vice na chapa do ex-presidente da Lula. Era uma parceria, até pouco tempo atrás, inimaginável. Mas conforme reportagem da Veja, as convicções na política, porém, são voláteis. No PT, os grupos mais à esquerda criticam a aliança. Lula, o mentor da provável união, agora tem mais um bom argumento para aplacar os radicais. Durante o regime militar, o ex-tucano era visto como um político de esquerda — e honesto.
Como a maioria dos políticos da época, Alckmin era vigiado pelos agentes da ditadura. Os arquivos da época mostram que ele foi alvo de mais de 40 relatórios do extinto Serviço Nacional de Informações e do Centro de Inteligência do Exército (CIE). O ex-governador ão era considerado um político “subversivo”, mas era monitorado devido à sua influência na ala dissidente do MDB, que mais tarde daria origem ao PSDB.
Em 1986, Alckmin foi eleito deputado Constituinte, a ditadura estava morrendo, mas os espiões continuavam observando a cena política. No Relatório de Informações daquele ano, o Centro de Informações do Exército (CIE) listou as principais atividades políticas do ano. O documento discorre sobre as atividades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, do clero progressista e lista sete constituintes católicos de maior relevância. Alckmin é um deles. O Exército classificou o ex-governador como “esquerdista, apoiado pelos progressistas”.
Por vários anos, o SNI também bisbilhotou a vida de Alckmin para tentar descobrir eventuais atividades subversivas e desvios de conduta na área pública. Em 1983, o órgão produziu um documento com o perfil de Alckmin. Nos quesitos proficiência profissional, probidade administrativa e conduta civil, anotou: “há registros positivos”.
Bom para Lula e o PT.