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sábado 19 de agosto de 2023 às 13:23h

A cronologia da reforma: novela sobre entrada do Centrão em ministérios já se arrasta há mais de um mês

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou a decisão sobre mudanças na Esplanada para daqui a dez dias, quando ele voltará de uma viagem a países da África. As negociações em torno da reforma ministerial que deve sacramentar o ingresso de PP e Republicanos no governo já duram mais de um mês. Auxiliares do petista davam como certo que as nomeações de André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para postos do primeiro escalão do Executivo sairiam até ontem, o que não ocorreu. As informações são de Camila Turtelli, Lauriberto Pompeu e Sérgio Roxo, do jornal O GLOBO.

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O principal nó a ser desatado é o destino do nome indicado pelo PP, além de qual partido perderá espaço na nova configuração. Em almoço com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, na quinta-feira, Lula encaminhou a saída do PSB da pasta de Portos e Aeroportos, comandada por Márcio França.

O ministério deve ser entregue ao Republicanos. Já o PP cobiça ficar com a pasta de Desenvolvimento Social, que controla o programa Bolsa Família e hoje está sob comando do petista Wellington Dias. Essa hipótese, porém, gera forte resistência no PT e em setores do governo.

Veja a cronologia da reforma ministerial

  • 7 de julho: Lula entra pessoalmente na articulação política e recebe no Alvorada Arthur Lira e líderes partidários. Nesse momento, os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) já são tratados como ministeriáveis; o primeiro para Desenvolvimento Social; o segundo para a pasta de Esportes
  • 13 de julho: Celso Sabino assume a vaga de ministro do Turismo
  • 18 de julho: O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, encontra-se com Fufuca e Costa Filho
  • 4 de agosto: Padilha avisa que Fufuca e Costa Filho serão ministros do governo Lula
  • 15 de agosto: Lula, Padilha, os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann se reúnem para discutir as mudanças que abrirão espaço no governo para Fufuca e Costa Filho
  • 16 de agosto: Jaques Wagner diz que expectativa é que reforma seja anunciada em dois dias
  • 17 de agosto: Lula se reúne com Lira, que diz que seu partido “pode ter um ministério”
  • 18 de agosto: Anúncio da reforma ministerial é adiado

No almoço de quinta-feira no Palácio do Planalto, Lula e Alckmin conversaram abertamente sobre a reforma ministerial. Aliados do vice dizem que a sua permanência na pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) está garantida. Isso porque Lula não estaria disposto a mexer no posto do vice-presidente da República, considerado importante para a vitória nas urnas em 2022.

Em meio às negociações: Governo avança na criação do Ministério da Micro e Pequena Empresa
Outros integrantes do governo, porém, voltaram a levantar a hipótese de deslocar Alckmin para o Ministério da Defesa. Esse cenário já havia sido mencionado, mas esbarra no fato de o cargo ser sensível. O atual titular da Defesa, José Múcio, conseguiu diminuir as tensões com as Forças Armadas. Se isso ocorrer, a ideia é França assumir o MDIC.

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Múcio, que encararia a sua missão no governo como temporária, aceitou o cargo em dezembro após um apelo de Lula. Nas últimas semanas, porém, recebeu sinais de que o presidente não estaria disposto a abrir mão dele. Outra possibilidade é dividir o Ministério da Indústria e Comércio com a criação da pasta de Micro e Pequenas Empresas, que também poderia acomodar França.

Depois do almoço com Lula, Alckmin chamou, no início da noite de quinta-feira, França e o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, para uma reunião na vice-presidência no anexo do Palácio do Planalto.

Na conversa com França, ocorrida na tarde de ontem no Planalto, Lula indicou que precisará da pasta de Portos e Aeroportos para poder ter o apoio do Centrão ao seu governo. Nem o almoço com Alckmin nem o encontro com França constavam da agenda oficial do presidente.

Além das reuniões de Alckmin e França com o presidente, Alexandre Padilha recebeu ontem o prefeito de Recife, João Campos. Na conversa, Campos, que é uma das principais lideranças nacionais do PSB, foi informado sobre a possibilidade de o partido ser desalojado do Ministério de Portos e Aeroportos. O argumento de Padilha é que tanto PT quanto PSB serão afetados pela reforma e perderão espaço para acomodar o PP e o Republicanos.

A expectativa pelo anúncio das alterações no primeiro escalão foi alimentada pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Na quarta-feira, ele previu que as mudanças ocorressem até o fim desta semana:

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—Deve ser resolvido até sexta-feira. Como é uma mudança que mexe com poucos ministérios, é mais complicado de se ajeitar.

Integrantes do PP avaliam que o principal problema para a conclusão da reforma é definir o ministério que Fufuca assumirá. O partido insiste em comandar o Desenvolvimento Social e estaria disposto a ficar com a pasta mesmo em um cenário sem o Bolsa Família.

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