A derrubada da definição de regras mais duras para o abono salarial pelo Senado, na madrugada da quarta-feira (2), irritou o ministro da Economia, Paulo Guedes, que pretende retaliar. De acordo com cálculos da equipe econômica, a perda para a reforma da Previdência com a mudança aprovada pelos senadores é de R$ 76,4 bilhões nos próximos dez anos.
A moeda de troca do ministério da Economia deve vir no novo pacto federativo, um conjunto de medidas que prevê mais recursos para estados e municípios. Guedes solicitou que sua assessoria estude mudanças no pacote para compensar os valores perdidos com o abono salarial. A ideia da pasta, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, é compensar “cada bilhão perdido”, o que pode provocar ainda mais animosidade entre o governo e o Congresso.
Nesta semana, senadores demonstraram insatisfação com o governo e ameaçaram não votar o segundo turno da reforma na próxima semana. Eles criticam a condução política do governo e afirmam que não têm sido atendidos em suas demandas. As queixas vão desde a falta de atendimento de pedidos para suas bases eleitorais até a demora na definição da divisão dos recursos do leilão do pré-sal, marcado para novembro.
Do lado do governo, a insatisfação com os congressistas levou Guedes a cancelar uma série de reuniões que teria nessa quarta-feira com líderes partidários.