O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se colocou como um “plano B” do clã bolsonarista nas eleições presidenciais de 2026. A declaração do filho “03″ do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) expôs uma das linhas discutidas entre os aliados do ex-chefe do Executivo para a próxima disputa ao Planalto: contar segundo Rayanderson Guerra, do Estadão, com um Bolsonaro nas urnas diante do provável impedimento do ex-presidente, que está inelegível.
Para aliados próximos, Jair Bolsonaro tem se mostrado irredutível sobre uma candidatura em 2026. Nesta última sexta-feira (6) chegou a afirmar em entrevista à Rádio Gaúcha, que ele é “o plano A, B e C” para as eleições 2026. “Enquanto eu não morrer”, disse.
Um interlocutor próximo ao ex-presidente disse ao Estadão que Bolsonaro deverá levar a possível candidatura adiante até ser declarado impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em uma estratégia semelhante ao que adotou o presidente Lula da Silva (PT), em 2018. À época, Haddad substituiu o líder petista após ele ter a candidatura barrada pelo TSE com base na Lei da Ficha Lima, a menos de um mês para o primeiro turno.
Segundo um aliado do ex-presidente, Bolsonaro não discute, no momento, a possibilidade de abrir mão da candidatura e, por confiar em um número restrito de pessoas, vê como natural a escolha de um dos filhos para substituí-lo. A estratégia eleitoral deverá passar ainda, de acordo com ele, pelas costuras do PL e pela pressão em torno no nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ainda se discute se um dos filhos do ex-presidente, Eduardo ou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), assumiria o posto de vice na candidatura do pai para assumir a vaga de candidato oficial. Segundo aliados, a pressão pelo apoio a uma candidatura de Tarcísio de Freitas, que já ocorre nos bastidores, deverá balizar a Executiva Nacional do PL, presidida por Valdemar Costa Neto.
Valdemar Costa Neto disse em entrevista à GloboNews, em outubro deste ano, que Tarcísio “é o primeiro da fila” para a candidatura à Presidência, mas não descartou Eduardo Bolsonaro como opção. Mesmo com o ex-presidente inelegível até 2030, Valdemar disse acreditar que Bolsonaro pode ser candidato em 2026 e explicou que o partido levará a anistia à pauta do Congresso Nacional. “Quando o Lula estava preso, vocês achavam que ele ia ser candidato?”, perguntou.
O entorno do ex-presidente ainda mantém o discurso de uma possível anistia que beneficie Bolsonaro. O cenário político atual, no entanto, se mostra desfavorável ao ex-chefe do Executivo.
Na Câmara dos Deputados, um projeto de lei que anistia os presos durante os atos golpistas de 8 de Janeiro está com a tramitação congelada, aguardando a criação de uma comissão especial, que depende da presidência da Casa. Apesar de, por ora, não incluir Jair Bolsonaro, o PL da Anistia é encampado por bolsonaristas e sua aprovação pode pavimentar uma medida que beneficiasse o ex-mandatário.
A margem para a aprovação do projeto foi dificultada pelo atentado a bomba à sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em 13 de novembro, e pela conclusão do inquérito da Polícia Federal por uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.