Ministra do STJ criticada por colega pede melhor convívio entre homens e mulheres no Judiciário

Depois do constrangimento que passou na última semana, a ministra Regina Helena Costa, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), defendeu nesta última terça-feira (24) um melhor convívio entre homens e mulheres no Judiciário.

Regina Helena foi criticada pelo ministro Luiz Alberto Gurgel de Faria, seu colega de tribunal, porque quis ler seu voto em um processo que teve pedido de vista e não seria julgado na sessão.

O magistrado afirmou que os colegas iriam “esquecer” o teor do voto e insistiu: “Cá para nós, a gente já leu o voto, o voto está no sistema. Vossa Excelência vai ler para quem o voto?” Depois que a ministra insistiu em fazer sua leitura ”para o público”, ele pediu licença e se ausentou da sessão.

“Não vou ler o voto todo. Não disse que ia ler o voto todo. Não entendi essa reação. São 15 para 16h. O tema é diferente, não é coisa banal. eu gostaria de ler meu voto porque não vou ler quando vier o voto-vista”, explicou Regina Helena, que afirmou não ter entendido a reação do togado.

Regina Helena comentou o episódio na sessão da Primeira Turma nesta terça — na qual Gurgel de Faria não estava presente. A magistrada disse que esperava que “uma situação como essa jamais se repita” e que torcia para um melhor convívio entre os gêneros no Judiciário

“Espero também que a gente possa extrair um aprendizado para que haja uma melhoria nas relações entre homens e mulheres nos espaços de trabalho, especialmente aqui no Poder Judiciário, que é um ambiente tão masculino”, acrescentou Regina Helena.

A magistrada agradeceu “todas as manifestações de apoio e solidariedade” e declarou se sentir “emocionada e acolhida”. A juíza também afirmou ter recebido um pedido de desculpas de Gurgel de Faria, ressaltando que a sua “longa amizade” com o ministro continua.

“O ministro Gurgel reitera aqui o seu enorme respeito e admiração pela Ministra Regina Helena Costa, com quem construiu um relacionamento de amizade e de convívio gentil e pacífico desde que iniciaram o trabalho no Superior Tribunal de Justiça, há mais de dez anos”, disse a nota publicada pelo gabinete de Gurgel de Faria.