Em 35 anos em serviço, o ATR 72 havia sofrido 10 acidentes fatais

O ATR 72-500 da companhia aérea VoePass que caiu nesta última sexta-feira (9) no Brasil foi segundo reportagem de Ricardo Meier, da AirWay, o 11º acidente fatal da aeronave turboélice em 30 anos, de acordo com dados do Aviation Safety Network.

O bimotor fabricado pela ítalo-francesa ATR, uma associação entre a Airbus e a Leonardo, é o avião regional de maior sucesso das últimas décadas, com mais de 1.700 unidades fabricadas.

A versão ATR 72 acrescentou maior capacidade de passageiros ao modelo original, ATR 42, que havia sido lançado no começo dos anos 80. Ela estreou em serviço em 1989 pela companhia aérea Finlandir e é produzida até hoje na série ATR 72-600.

Ao menos 1.220 aviões do modelo já foram entregues e ele segue sozinho no mercado desde que o rival Dash 8 teve a produção encerrada.

Primeiro acidente grave em 1994

O primeiro acidente grave com o turboélice ocorreu em 31 de outubro de 1994 com um ATR 72-200 da American Eagle operado pela Simmons Airlines.

A aeronave voava de Indianapolis para Chicago no voo 4183 quando perdeu o controle durante a aproximação. As condições climáticas extremamente frias acumularam gelo nos ailerons e a tripulação não conseguiu controlar o turboélice. Os 68 ocupantes não sobreviveram.

Os ATR 72 voaram por mais de oito anos sem um acidente grave até que em dezembro de 2002 um ATR 72-200 cargueiro da TransAvia Airways, de Taiwan, caiu no mar próximo a Penghun Islands. As causas incluíram fatores humanos e condições de gelo também.

Três anos depois outro ATR 72-200 acabou caindo após o combustível acabar em virtude de um erro humano durante o reabastecimento.

Em 2009 um ATR 72-500 saiu da pista durante o pouso e se chocou a torre de controle do Aeroporto de Koh Samui, na Tailândia, vitimando uma pessoa.

Condições de gelo

Durante a década passada, quatro dos cinco acidentes com a aeronave foram marcados por condições de gelo em que erros da tripulação acabaram contribuindo para a perda de 216 pessoas (veja quadro abaixo).

No ano passado, no entanto, um ATR 72-500 da Yeti Airlines caiu pouco antes de pousar após os pilotos enbandeirarem as hélices inadvertidamente. Foi o pior acidente da história do turboélice, com 72 mortes.

No Brasil, um ATR 42 caiu em 2002

O acidente da VoePass foi o primeiro fatal com o ATR 72, mas a versão menor, ATR 42, registrou uma queda em 2002.

Em setembro daquele ano o avião PT-MTS da Total Linhas Aéreas ia de Guarulhos para Londrina transportando carga quando caiu a cerca de 38 km de Paranapanema, vitimando os dois pilotos.

A queda de 9 de agosto ainda será investigada pelas autoridades, mas os vídeos publicados nas redes sociais mostram que o ATR 72 da VoePass entrou em um parafuso chato em que há perda de controle total.

Embora o Brasil seja um país de clima quente, uma frente fria havia chegado à região onde ocorreu o acidente e alguns especialistas ouvidos pela imprensa relataram esse como um dos possíveis fatores.

As “caixas pretas”, como são apelidados os gravadores de voz e de voo, foram recuperadas, e certamente ajudarão a desvendar o motivo da perda de 61 pessoas.

Fonte: Aviation Safety Network