domingo 22 de dezembro de 2024
Da esq. para a dir.: Nunes (MDB), Boulos (PSOL), Datena (PSDB), Marçal (PRTB) e Tabata (PSB) — Foto: Beto Barata/ PL | Ricardo Stuckert | Edilson Dantas | Brenno Carvalho | Ashlley Melo
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sábado 3 de agosto de 2024 às 13:27h

‘Fogo amigo’ paulista: candidatos à prefeitura de SP enfrentam críticas de aliados e contestações dentro dos próprios partidos

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Críticas de aliados e contestações internas marcaram o início da maratona eleitoral para alguns dos principais candidatos à prefeitura de São Paulo. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) sofreu cobranças do União Brasil, um dos principais partidos de sua base. Já Guilherme Boulos (PSOL) viu o petista Jair Tatto elogiar Nunes durante evento no mês passado, enquanto José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB) lidam com turbulências em suas próprias siglas. A exceção a essa regra é Tabata Amaral (PSB), que, se por um lado não teve problemas junto a seus correligionários, também não conseguiu atrair outras legendas para sua coligação e tende a ter uma chapa puro-sangue na disputa.

Nunes, que oficializará sua candidatura à reeleição neste sábado, entrou no período de convenções partidárias sob a ameaça de perder o apoio do União Brasil. Principal cacique da legenda na cidade, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, cobrou no início do mês mais espaço na gestão do emedebista e não cravou apoio à reeleição do prefeito. A sigla fez sua convenção no último dia 20 sem definir o caminho que seguirá na eleição — o que está previsto para ocorrer no sábado, horas após o evento do MDB.

Em busca de alinhamento com sua base, Nunes procurou nas últimas semanas as bancadas de vereadores das siglas que o apoiam. O prefeito fez reuniões com lideranças e candidatos de MDB, Solidariedade, PL, Avante, Republicanos, PSD, Mobiliza, PRD e PP com o pretexto de “unificar o discurso” antes da convenção.

Pivô do principal desconforto de Nunes na pré-campanha, Milton Leite também foi responsável direto pela desistência do deputado federal Kim Kataguiri (União-SP). O parlamentar disse na quinta-feira que foi alvo de “boicote” do vereador e que seu partido preferiu “ser coadjuvante” a “ter protagonismo próprio”.

Atrito com petista

Já Boulos, que aparece nas pesquisas tecnicamente empatado com Nunes e Datena na liderança da corrida eleitoral, teve mal-estar com o vereador Jair Tatto (PT). Em julho, o petista disse numa cerimônia na Zona Leste que o atual prefeito e o presidente Lula “são junto e misturado”. O comentário, feito por conta da doação de uma área para construção de um instituto federal, veio acompanhado da previsão: “Vai ter muito terreno ainda para o senhor doar, viu, senhor prefeito?”.

Jair é irmão do deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), secretário de Comunicação do PT, e no ano passado integrou a ala do partido contrária à aliança com Boulos — tida por ele como “um erro”. Para aparar as arestas, os Tatto promoveram um almoço há dez dias com Marta Suplicy (PT), candidata a vice.

— Inicialmente, a gente tinha certo receio de que a falta de um petista na cabeça de chapa pudesse atrapalhar na eleição para a Câmara. Mas agora, conhecendo melhor o Boulos, estamos seguros de que iremos aumentar nossa bancada. A relação está maravilhosa e ele nos representa — diz o vereador Arselino Tatto, que estava no almoço e que buscará seu décimo mandato.

Enquanto Nunes e Boulos encontraram obstáculos em legendas aliadas, Datena enfrentou resistência dentro do próprio partido, o PSDB. Durante a convenção que oficializou sua candidatura, no último fim de semana, o apresentador bateu boca com integrantes de uma ala dissidente que protestou contra a escolha do partido levando um carro de som para a frente do evento.

O presidente do PSDB paulistano, José Aníbal, vice na chapa de Datena, disse não haver “a menor chance” de permanência na legenda do líder da ala revoltosa no tucanato, Fernando Alfredo. Ao menos quatro representações que podem levar à expulsão de Alfredo já foram apresentadas.

Outro outsider que enfrenta problemas na respectiva sigla é o empresário Pablo Marçal. Seu partido, o PRTB, atravessa disputas internas desde a morte do fundador, Levy Fidelix, em 2021. Parte dos filiados se opõe ao presidente nacional, Leonardo Avalanche, que foi diretamente responsável pela filiação de Marçal e encabeça a defesa de sua candidatura.

Antes da convenção de amanhã, Marçal encomendou um dossiê sobre a situação jurídica do PRTB para se resguardar de eventuais contestações. Um de seus advogados, Gustavo Bonini Guedes, disse que, apesar de “todo barulho e de toda fumaça, não existe nenhum risco para a candidatura”.

— Não existe racha lá dentro. O que existe é gente de fora dando pitaco. Aqui estamos todos unidos — disse Marçal no início da semana, em nota.

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