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domingo 2 de junho de 2024 às 07:47h

PT vê parlamentares envelhecerem, enquanto outros partidos rejuvenescem; confira

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Quatro décadas depois de eleger seus primeiros candidatos e à frente da Presidência da República pela quinta vez, o PT enfrenta um dilema. Na medida em que o seu maior líder, o presidente Lula da Silva (PT), se aproxima dos 80 anos de idade, a legenda tem envelhecido junto com ele e tido dificuldade de se renovar.

O novo perfil petista pode ser observado na bancada de 68 deputados federais. O PT é hoje o partido mais “sênior” da Câmara — a bancada tinha uma idade média de 55,7 anos ao tomar posse em 2023, acima da média geral. O levantamento do jornal do O Globo levou em conta todas as siglas com mais de dez assentos na legislatura atual: são 12 partidos somando 466 parlamentares.

Atrás do PT vêm PDT (idade média de 54,5 anos na data da posse), PSDB (53,3), PSB (51,1), PSD (50,9), PL (49,5), PP (49,4), Republicanos (49,3), MDB (48,5), União Brasil (47,6), PSOL (47,2) e Podemos (45,2).

Quando chegou pela primeira vez à Câmara, em 1983, o PT era conhecido pelas jovens lideranças ligadas a movimentos sociais, como Luiz Dulci (27), José Genoino (36), Eduardo Suplicy (41) e Lula (37), então candidato derrotado ao governo de São Paulo no ano anterior.

Os seis parlamentares da primeira bancada eleita tinham uma idade média de 39,7 anos. O mais velho era Plínio de Arruda Sampaio, então com 52. Metade da bancada era de “vintões” e “trintões”.

O cenário mudou radicalmente. Em 2023, a ala com menos de 40 encolheu para 13% da bancada. Os quinquagenários são basicamente um terço, 32%, os sexagenários, 30,8%, e os septagenários, 7%.

PSOL, o novo PT

Enquanto isso, o PSOL tem dado espaço para lideranças jovens na esquerda. “Quarentona”, a bancada federal tem hoje a menor idade média entre os partidos de esquerda, e é mais diverso em termos de raça e gênero. Desconsiderando Luiza Erundina (SP), que aos 89 anos desloca a média para cima, a bancada psolista teria 43,8 anos, similar à segunda bancada eleita do PT, de 1987 a 1990.

A falta de renovação de lideranças nacionais empurra o PT para um beco. Em 2018, quando Lula estava preso e precisou lançar Fernando Haddad à Presidência em seu lugar, as alternativas para oxigenar a esquerda nacional vinham de outros partidos: Guilherme Boulos (36 anos naquele ano), no PSOL, e Manuela d’Ávila (37), no PCdoB.

O estado de São Paulo, berço do PT, é símbolo da dificuldade do partido em se renovar. A bancada paulista, com uma idade média de 60 anos, ainda é dependente de um dos seus mais antigos quadros, Eduardo Suplicy, para conseguir votos. Aos 81 anos, ele foi o deputado mais votado do PT no país em 2022.

A baixa renovação chegou a tal ponto que Thainara Faria, empossada aos 28 anos, é a única abaixo dos 50 entre os 18 eleitos do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo. Na Câmara dos Vereadores da capital paulista, ninguém além de Luna Zarattini (hoje com 31) tem menos de 40 anos na bancada petista. A escassez é tanta que, pela primeira vez na história, o PT não lançou candidato à Prefeitura de São Paulo e apoiará Boulos.

Juventude conservadora

O PL, que abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro e é a maior força de oposição ao PT, tem uma idade média inferior a 50 anos. Apesar de associado ao eleitorado idoso, o bolsonarismo tem sido capaz de se renovar mais que o partido de Lula. Os “vintões” e “trintões” correspondem a 21,2% da bancada.

O deputado federal mais votado do país (1,47 milhão) é o mineiro Nikolas Ferreira (PL), militante radical que tomou posse aos 26 anos. Com 11 milhões de seguidores no Instagram, ele é considerado um dos maiores ativos do bolsonarismo no diálogo com jovens conservadores.

— Eu vejo que muitos jovens hoje são usados como idiotas úteis, sofrem uma doutrinação dentro da escola, da universidade, e são usados como papel higiênico. O jovem tem que usar sua força, mas ouvindo os mais velhos — afirmou em uma entrevista ao jornal “O Tempo” antes de se eleger deputado.

Em março, Nikolas colocou sua popularidade à prova ao comparecer a um evento do Ministério da Educação, no Palácio do Planalto, repleto de governistas. Alunos de institutos federais que estavam na cerimônia fizeram fila para tietá-lo com selfies.

Exceção na bancada

A deputada federal petista Camila Jara (MS), que tomou posse aos 27 anos, destoa dos colegas de bancada. Ela relata ter tido dificuldades para cavar espaço no partido em Campo Grande, mas sua familiaridade com o mundo digital tem rendido frutos. Responsável por um perfil descolado nas redes sociais, de forte diálogo com o público jovem — grava com desenvoltura vídeos em formato “react” e compartilha momentos do seu dia a dia. Ela deve assumir a coordenação da comunicação política da bancada.

Camila despertou desconfianças no PT ao participar do curso do RenovaBR, programa de capacitação de ativistas financiado por um grupo de empresários. Hoje, ela integra um gabinete compartilhado com outros deputados do Acredito, criado por Tabata Amaral (PSB-SP) — o que não é bem visto pelos petistas.

A deputada petista defende que seu partido se mexa para criar oportunidades para a juventude, e vê avanços, embora lentos:

— Precisamos expandir o espaço para jovens, porque precisamos de um partido conectado com as pautas do século 21. As demandas da década de 1980 não dialogam mais hoje.

Petistas consultados pelo jornal O Globo endossam a crítica à falta de renovação no PT e citam os nomes dos ministros Fernando Haddad e Alexandre Padilha como lideranças que costumam fomentar e empregar jovens em seus gabinetes.

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