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MST invade fazenda em Minas Gerais — Foto: Divulgação/MST
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quarta-feira 1 de maio de 2024 às 11:53h

MST aumenta pressão sobre Lula e fecha ‘Abril Vermelho’ com mais do que o dobro de ocupações de 2023

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Aliado histórico do PT, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) aumentou a pressão sobre o governo Lula (PT) e encerrou o “Abril Vermelho” contabilizando 35 invasões de terra — número 150% maior que o do mesmo período do ano passado, quando o movimento protagonizou 14 ocupações. Os dados são de um levantamento do jornal O Globo, feito com base em informações disponibilizadas pelo próprio MST.

No período que marca o aniversário do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 sem-terras foram assassinados em 1996, o movimento endureceu sua postura contra o governo federal, pleiteando maior agilidade na reforma agrária.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ao longo dos doze meses do ano passado, 72 áreas foram invadidas, número que representa 48% das terras ocupadas apenas neste abril.

Além de mais invasões, o movimento que, em 2023, havia focado sua atuação no Nordeste — no Pernambuco e na Bahia —, este ano realizou ocupações em quinze estados de todas as regiões do país.

Em meados do mês passado, Lula anunciou a criação do programa “Terra da Gente”, que tem como promessa assentar 295 mil famílias até 2026. A ação, contudo, não acalmou os ânimos do MST, que promoveu onze novas invasões de terras desde então.

Invasões do MST durante o 'Abril Vermelho' o terceiro mandato de Lula — Foto: Editoria de Arte
Invasões do MST durante o ‘Abril Vermelho’ o terceiro mandato de Lula — Foto: Editoria de Arte/O Globo
 Segundo a integrante da direção nacional do MST, Ceres Hadich, a iniciativa por si só não resolve a problemática no campo. A militante afirma que, desde a posse de Lula, não houve esforço do Palácio do Planalto para resolver os impasses referente à reforma agrária.

— Por mais que haja esforço do governo em sinalizar a retomada da reforma agrária, isso ainda não se deu massivamente. Tivemos a retomada de um processo de regularização, mas ainda há um passivo que não foi sequer mexido. Por isso, seguimos na luta para posicionar isso como uma demanda urgente — disse a dirigente sem-terra.

O Executivo, por outro lado, tem alegado limitações orçamentárias para atender os pleitos com maior agilidade. Um dos argumentos é que o programa de reforma agrária estava totalmente paralisado desde o governo Michel Temer e que, por isso, há necessidade de os sem-terra compreenderem a conjuntura.

Os integrantes, contudo, seguem direcionando suas críticas ao orçamento. Este ano, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) tem a previsão de aplicar R$ 567 milhões na temática. O valor já é quase duas vezes maior que o de 2023, quando R$ 300 milhões foram destinados.

A média de investimentos do Lula III nesses dois primeiros anos de governo, todavia, é ao menos cinco vezes menor do que os outros períodos em que o PT esteve à frente do país. Os maiores recursos se deram no segundo mandato de Lula, quando a média anual chegou a R$ 3,675 bilhões.

Em termos políticos, o movimento também tem entrado em conflito com a gestão petista. A última invasão deste mês se deu na sede do INCRA em Maceió, em Alagoas. O ato ocorreu após a demissão do primo do presidente da Câmara dos Deputados e a nomeação de um novo superintendente ligado ao grupo político de Arthur Lira (PP-AL).

​Neste contexto, o MST esteve no local para pressionar o Planalto pela indicação de um aliado, o que segundo o movimento teria sido acordado junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em nota, a pasta negou qualquer interlocução deste tipo sob a prerrogativa de que não cabe ao ministério negociar cargos com movimentos sociais.

Críticas da direita à esquerda

O alto número de invasões de terra ao longo do mês de abril provocou reações de políticos da direita à esquerda. De um lado, apoiadores do agronegócio criticaram a “incapacidade” do governo federal em conter o MST. Do outro, parte dos governistas pleitearam que as demandas do movimento tivessem escuta no Palácio do Planalto.

No último final de semana, os governadores Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais) fizeram discursos a favor do produtor rural em evento voltado ao agro.

— A determinação é tolerância zero. Não queremos ninguém perturbando a vida do produtor rural — disse Zema.

Em contrapartida, no início do mês, o governador da Bahia, o petista Jerônimo Rodrigues, participou de uma manifestação do MST em Feira de Santana, no interior do estado, onde teceu elogios e deu apoio ao movimento:

— Que essa marcha faça o recado chegar no presidente Lula: que vocês do movimento têm as reivindicações muito claras. Eu sou um governador que tem a cara, a história de vocês e eu não vou trair — afirmou.

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