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quinta-feira 21 de março de 2024 às 06:26h

Estudo associa reumatismo a bactérias intestinais

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Pesquisadores acreditam ter encontrado causa da doença em experimento com camundongos. Microbioma do intestino converte aminoácido em substância inflamatória que pode desencadear o mal. Achado pode facilitar tratamento. O reumatismo causa inchaço nos dedos das mãos e dos pés. As articulações doem e ficam rígidas. As tarefas cotidianas se tornam então um desafio, seja comer com talheres, fechar botões, cuidar da higiene pessoal. Mesmo que os sintomas afetem principalmente as mãos, todo o corpo é impactado pela inflamação reumática.

De acordo com a Deutsche Rheuma-Liga, associação alemã de assistência a quem sofre de reumatismo, cerca de 1% das pessoas em todo o mundo sofrem da doença, com cerca de 3 milhões de pessoas afetadas na Europa. E não são apenas os idosos. Crianças, adolescentes e adultos jovens também podem sofrer de reumatismo. Também é surpreendente o fato de que as mulheres são afetadas duas a três vezes mais do que os homens.

Busca pela causa

Não é conhecida a causa exata da artrite reumatoide, como é chamado o reumatismo. Fatores como uma certa predisposição hereditária, estresse ou mudanças no clima estão associados a essa doença autoimune.

Agora, pesquisadores dos EUA acreditam ter encontrado uma possível causa. De acordo com o estudo, o microbioma intestinal converte o aminoácido triptofano em uma substância inflamatória que pode desencadear a artrite. A equipe liderada por Kristine Kuhn, chefe do departamento de reumatologia da Universidade do Colorado, publicou o estudo na revista The Journal of Clinical Investigation.

Aminoácido vital

O triptofano é importante no organismo para a produção de proteínas, enzimas e neurotransmissores – os mensageiros químicos do sistema nervoso. Como um componente preliminar ao neurotransmissor serotonina, o triptofano atua como um antidepressivo natural, por exemplo.

O corpo humano não pode produzir triptofano. Por isso, esse aminoácido vital tem que ser obtido dos alimentos. Quantidades particularmente grandes de triptofano são encontradas em queijos duros, frango, castanha de caju e amendoim, soja e chocolate amargo.

Quando quem ajuda se torna inimigo

No entanto, o triptofano também pode desencadear inflamações no corpo, especialmente quando entra em contato com bactérias. Quando as pessoas que sofrem de reumatismo ingerem alimentos que contêm triptofano, o aminoácido é decomposto pelo microbioma intestinal de forma diferente do que ocorre em pessoas saudáveis. Quando o triptofano entra em contato com as bactérias, isso leva ao aumento da produção de indol. O composto químico indol também é fundamentalmente muito útil e tem propriedades anti-inflamatórias e anticancerígenas.

Mas experimentos com camundongos mostraram que o aumento da produção de indol pode levar ao desenvolvimento de células T autorreativas, ou seja, células que são direcionadas contra o próprio tecido do corpo. Essas células T atacam as células saudáveis, e o resultado é uma reação inflamatória autoimune que pode desencadear a artrite reumatoide.

Caso esse mecanismo de ação também seja demonstrado em seres humanos, isso abrirá novas abordagens terapêuticas. Se for possível bloquear a formação de indol, a artrite reumatoide poderá ser tratada em um estágio muito inicial. Muito antes de começarem a surgir o inchaço das articulações e as dolorosas deformidades nas mãos.

Dieta pode proteger do reumatismo

Como o microbioma intestinal pode desempenhar um papel central no desenvolvimento do reumatismo, uma dieta balanceada também pode proteger contra a artrite reumatoide.

A Deutsche Rheuma-Liga dá algumas dicas para uma dieta em caso de reumatismo: pouca carne vermelha (porco, boi, cordeiro) e apenas uma refeição com carne por semana. Em vez disso, peixes e frutos do mar, que fornecem a proteína necessária. Em vez de gorduras animais, é melhor usar gorduras e óleos vegetais com alto teor de ácido linoleico, como óleo de cártamo, óleo de colza, óleo de gérmen de milho ou óleo de gérmen de trigo.

É também recomendada a ingestão de muitas frutas e verduras, que fornecem ao corpo nutrientes, fibras e substâncias vegetais secundárias. Além disso, produtos integrais e nozes, laticínios como fonte de cálcio, e ovos em pouca quantidade. É recomendado beber bastante água e chá sem açúcar. Para pacientes com reumatismo, é especialmente aconselhável cozinhar alimentos frescos e comer o mínimo possível de refeições prontas. Essas refeições geralmente contêm muito sal, ácidos graxos saturados, açúcar e ovos.

O reumatologista Kristine Kuhn recomenda uma dieta mediterrânea. “Uma dieta rica em fibras vegetais e carne magra parece colocar o microbioma em um estado mais saudável”, explica a médica.

Essa dieta mediterrânea preserva as propriedades úteis e anti-inflamatórias do triptofano, enquanto a dieta ocidental típica tende a favorecer a inflamação, de acordo com a reumatologista.

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