Pesquisa Datafolha mostra conforme o Estadão, que os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) têm 30% e 29% das intenções de voto, respectivamente. Os outros quatro concorrentes, juntos, 21%. Segundo o levantamento, caso a liderança dos dois se concretize, eles podem dividir o espólio dos demais. Boulos tem mais chances de atrair os eleitores de Tabata Amaral (PSB), já Nunes tem mais potencial entre o eleitorado de Kim Kataguiri (União Brasil).
O potencial de transferência de votos foi medido com base na influência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na escolha do eleitor. O presidente apoia Boulos, enquanto o ex-presidente, Nunes.
Segundo o instituto, 24% dos entrevistados pretendem votar no nome apontado por Lula e 17% no candidato escolhido por Bolsonaro. A pesquisa também mediu a rejeição diante dos nomes indicados pelo petista e pelo ex-presidente: 42% rejeitam o candidato lulista, enquanto 63% rechaçam um bolsonarista.
Cruzando os dados, o Datafolha chegou à conclusão que, entre os 8% de entrevistados que pretendem votar em Tabata Amaral, 1,4 ponto porcentual poderia ser captado por Boulos. Esse é o índice de entrevistados que afirmam que, com certeza, votariam em um concorrente da deputada do PSB apoiado por Lula. É considerado um “mínimo” para a transferência de votos de Tabata a Boulos.
O porcentual “máximo” é calculado ao subtrair o total de intenções de voto em Tabata (8%) do índice que rejeita, de antemão, um candidato apoiado por Lula. Nesse cálculo, é obtida uma variação porcentual de 5,3 pontos que, hoje, seriam de Tabata. O índice é o melhor resultado possível que Boulos poderia somar às suas intenções de voto, o que depende do pré-candidato do PSOL conseguir comunicar que é o nome de Lula na disputa à Prefeitura paulistana.
Quanto a Nunes, o melhor potencial de votos reside entre os pesquisados que declaram apoio, no momento, a Kim Kataguiri. Entre os que possuem intenção de votar em Kataguiri, há de 0,7 a 2,6 pontos que podem ser obtidos pelo atual prefeito. No caso, a transferência de votos também depende de o atual prefeito da cidade fazer valer que é o nome ungido pelo ex-presidente.
No total, o potencial mínimo de transferência de votos a Boulos é de 3,7, que, hoje, estão divididos entre os demais adversários. O potencial máximo de votos pode chegar a 11 pontos espalhados entre os demais pré-candidatos.
Se Ricardo Nunes deixar explícito que é o nome indicado de Bolsonaro para a eleição, seu potencial mínimo de atração de votos é de 2 pontos, podendo chegar a 5,9 que, hoje, estão com os demais concorrentes ao cargo.
Conexão entre os candidatos
A sete meses do pleito municipal, ainda há elementos incertos no cenário eleitoral de São Paulo. Se o Datafolha indica que os votos podem ser transferidos por meio do apoio de Lula e de Bolsonaro, o instituto também indica que, no momento, boa parte dos entrevistados não sabe ao certo quem são os preferidos do petista e do ex-presidente.
Segundo a pesquisa, 46% dos eleitores ainda não estão informados sobre o apoio de Lula a Guilherme Boulos e 63% não conhecem o apoio de Bolsonaro a Ricardo Nunes. Para fazer valer o potencial de votos, a conexão precisa estar clara na mente do eleitor.
Cenário pode mudar
O cenário estimulado pela pesquisa ainda pode mudar. A pré-candidatura de Kim Kataguiri, por exemplo, que figura em quinto lugar no levantamento do Datafolha, nem sequer está confirmada pela legenda, o União Brasil. A sigla ainda pode decidir compor com Nunes, que já congrega um número substancial de partidos na coligação em seu apoio. Kataguiri nega que possa ficar de fora da disputa.
Conhecimento dos candidatos
Outro elemento indefinido é o conhecimento dos pesquisados em relação aos pretendentes ao cargo. Além do elevado porcentual de entrevistados que afirmam “não saber” quem está no páreo, também há o porcentual de Marina Helena, pré-candidata do Novo, com 7% das intenções de voto. Luciana Chong, diretora do Datafolha, afirmou que, possivelmente, a pré-candidata está sendo confundida com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A pré-candidata do Novo nega que esteja sendo confundida. Cruzando os dados da pesquisa eleitoral, Marina Helena tem 11% de intenções de voto entre entrevistados que se declaram petistas. Além disso, 9% aguardam que Lula apoie Marina Helena.