domingo 22 de dezembro de 2024
Navio da ONG Open Arms puxa uma barcaça com cerca de 200 toneladas de arroz e farinha em direção à Faixa de Gaza, em 12/03/24. - Foto: AP - Petros Karadjias
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quinta-feira 14 de março de 2024 às 08:01h

Ajuda humanitária para Faixa de Gaza avança lentamente por mar; extremistas tentam bloquear comboios

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O Parlamento Europeu vota hoje uma resolução sobre a situação em Gaza diante do risco imediato de fome generalizada no enclave palestino. O bloco europeu, que pela primeira vez pediu um cessar-fogo imediato, considera que Israel reforçou o bloqueio no território, atrapalhando as operações humanitárias.

A distribuição de ajuda no enclave continua perigosa. Na quarta-feira (13), a agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) anunciou que um dos seus armazéns em Rafah, no sul de Gaza, foi atingido por um ataque que matou pelo menos um de seus funcionários e feriu vários outros, com o Ministério da Saúde do Hamas citando quatro mortes.

Depois de mais de cinco meses de guerra entre Israel e o Hamas, a ONU teme a fome generalizada na Faixa de Gaza, onde dezenas de milhares de pessoas já foram mortas e onde os bombardeios israelenses continuam sem trégua.

“O ataque de hoje a um dos poucos centros de distribuição da UNRWA ainda operacionais na Faixa de Gaza ocorre num momento em que a desnutrição, e até a fome em certas áreas, se espalha”, disse o diretor da agência, Philippe Lazzarini.

O exército israelense anunciou que tinha “eliminado” um oficial do Hamas num ataque direcionado em Rafah. Mohammad Abou Hasna está entre as quatro mortes registradas pelo movimento islâmico, que o apresentou como gestor responsável pela segurança do armazém.

Na noite de quarta-feira, o ministério da Saúde do Hamas também relatou quatro mortos e muitos feridos em disparos israelenses em uma reunião na rotatória do “Kuwait”, um cruzamento ao sul da Cidade de Gaza onde ocorre a distribuição de ajuda alimentar.

Bloqueio de extremistas

A ajuda por via terrestre só entra de forma esparsa na Faixa de Gaza, sujeita ao controle de Israel, que impôs um cerco total ao território desde o início da guerra em 7 de outubro.

Em Nitzana, na fronteira entre Israel e o Egito, manifestantes extremistas tentam bloquear a passagem de caminhões em direção a Gaza.

“Toda a ajuda alimentar que deveria ir para Gaza vai para o Hamas”, diz Uri Adler, que vem de uma colônia na Cisjordânia ocupada. “Isso os fortalece. As crianças de Gaza não verão a cor disto. E eles são realmente crianças? Para mim, eles não são crianças. Dentro de alguns anos serão futuros combatentes do Hamas, que vão querer nos combater.”

Os extremistas manifestam sob o olhar impassível da polícia israelense, constata a reportagem da RFI. Se não bloquearem completamente os caminhões, vão retardar o já interminável processo de triagem para transportar a ajuda humanitária para Gaza.

Viagem lenta pelo mar

Um primeiro barco carregado com 200 toneladas de alimentos partiu de Chipre com destino a Gaza na terça-feira (12). O barco da ONG espanhola Open Arms, que reboca uma barcaça, viajava na manhã de quinta-feira pelo Mediterrâneo a velocidade reduzida e estava localizado a cerca de 90 milhas náuticas (175 km) da Faixa de Gaza, segundo o site especializado Vessel Finder.

Chipre, a cerca de 370 km do território palestino, anunciou que um segundo barco estava pronto para partir com uma carga maior.

Quatro navios do exército norte-americano também deixaram na terça-feira os Estados Unidos com cerca de uma centena de soldados e o equipamento necessário para construir um cais em Gaza para descarregar a ajuda humanitária, “no prazo de 60 dias”, segundo as autoridades norte-americanas.

Esses esforços são, no entanto, apenas medidas provisórias, salienta a ONU, segundo a qual nem os envios marítimos, nem os lançamentos aéreos podem substituir o transporte terrestre para a entrega de ajuda, uma observação amplamente compartilhada.

“Não há alternativa viável às rotas terrestres do Egito, Jordânia e pontos de entrada de Israel em Gaza para entregas de ajuda em grande escala”, destacaram os Estados Unidos, Chipre, os Emirados, a UE e o Qatar numa declaração conjunta.

O texto também considera que a abertura do porto israelense de Ashdod à ajuda humanitária “constituiria um acréscimo bem-vindo e significativo” ao sistema de entrega de alimentos, remédios e outros produtos de primeira necessidade.

De momento, a ajuda por via terrestre é transportada principalmente da Jordânia ou do Egito para dois postos de controle israelense no sul de Gaza, onde as mercadorias são inspecionadas detalhadamente.

Na terça-feira, pela primeira vez, o exército israelense autorizou a entrada de caminhões do Programa Alimentar Mundial (PAM) no norte de Gaza, aumentando as esperanças de uma aceleração das entregas para satisfazer as imensas necessidades de cerca de 2,4 milhões de habitantes do território.

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