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terça-feira 12 de março de 2024 às 18:15h

Saiba quem são as forças políticas no embate interno do União Brasil que controla 3 ministérios

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A disputa pelo comando do União Brasil registrou um novo capítulo na noite desta segunda-feira (11), com mais uma troca de acusações entre o ainda presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), e o recém-eleito presidente da legenda, Antonio Rueda.

A escalada de tensão entre os ex-aliados começou ainda no último ano, quando alas do partido racharam em torno das discussões pela sucessão de Bivar no comando da sigla.

Nos bastidores, conforme Kevin Lima, do g1, membros da sigla chegavam a brincar que o partido, que nunca teve unidade, deveria se chamar “Desunião Brasil”.

O União Brasil tem atualmente 59 deputados, terceira maior bancada da Câmara. O partido tem sete senadores e também controla três ministérios:

  • Turismo, com Celso Sabino
  • Comunicações, com Juscelino Filho
  • Desenvolvimento Regional, com Waldez Góes, que é filiado ao PDT, mas foi indicado pelo União para o cargo

De lá para cá, Bivar, que já era rejeitado principalmente pela ala oriunda do DEM, foi ficando cada vez mais isolado.

O “golpe final” foi a eleição, por unanimidade dos votantes, de Rueda ao comando da sigla em 29 de fevereiro.

O advogado conquistou também o apoio dos quatro governadores filiados ao partido, dos sete senadores que compõem a bancada da sigla e de mais de 50 deputados.

No anúncio da vitória de Rueda, que foi contestada por Bivar, sobraram críticas ao ainda presidente da sigla e demonstrações de apoio ao futuro líder do União Brasil, que deve assumir o cargo a partir de maio.

Na prévia da eleição, no entanto, a contenda partidária começou a evoluir para uma troca de acusações com pano de fundo criminal.

De um lado, aliados de Rueda afirmam que Bivar foi gravado ameaçando o presidente eleito da sigla e sua família. Do outro, o próprio deputado acusou, em coletiva à imprensa, Antonio Rueda de utilizar o partido para “fazer negócios”.

Nesta terça (12), um novo capítulo do embate — já na esfera policial — derivou de um incêndio em duas casas de praia da família de Rueda, em Ipojuca, Pernambuco.

A defesa do recém-eleito comandante da sigla e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, disseram ver indícios de que o crime tenha motivação política. Bivar se defendeu, afirmou que as suposições são “ilações” e acusou a esposa de Rueda de roubar um cofre, localizado em seu apartamento.

Luciano Bivar

Isolado entre as principais forças do partido, Luciano Bivar está no comando do União Brasil desde a fusão entre DEM e PSL.

Ele dirigia o PSL, que saiu fortalecido das eleições de 2019 com a eleição do presidente da República – Jair Bolsonaro – e da maior bancada da Câmara dos Deputados.

Bivar ingressou na política na década de 90 ao se filiar ao PL. Antes, presidia o Sport Clube Recife — time que comandou por seis vezes até 2014.

Em 2022, chegou a tentar contornar uma candidatura da chamada “terceira via” anunciando seu próprio nome como candidato do União Brasil à Presidência.

Tempos depois, abriu mão da disputa e escolheu a senadora Soraya Thronicke – atualmente filiada ao Podemos.

Primeiro secretário da atual Mesa Diretora da Câmara, o deputado coleciona polêmicas políticas. Encabeçou uma corrente dentro do então PSL para isolar Bolsonaro e aliados políticos dentro do partido.

Mais recentemente, já no União Brasil, rachou a sigla ao defender uma aproximação com o governo do presidente Lula, incomodando ala liderada pelo herdeiro de Antônio Carlos Magalhães, falecido cacique do DEM, ACM Neto (União Brasil-BA).

Antonio Rueda

Advogado, Antonio Rueda foi braço direito de Bivar no comando do PSL. Eles já se conheciam, eram considerados amigos pelos membros do União Brasil e estiveram juntos na direção do Sport Clube Recife. Bivar é apontado como o responsável por levar Rueda à política.

Então vice-presidente da sigla, Rueda esteve próximo à ala defensora de Bolsonaro no partido. Ele atuou, com autorização de Bivar, para tentar uma reaproximação com o então presidente ao longo de 2020.

Desde a fusão com o União Brasil, ele passou a atuar, na avaliação de parlamentares, como o principal gestor da sigla, enquanto Bivar se desgastava com decisões consideradas controversas no comando do partido.

Durante esse tempo, Rueda também se aproximou mais de ACM Neto, último presidente do DEM. Ele também se tornou mais próximo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com quem chegou a discutir uma possível federação partidária do União Brasil com o PP.

A aproximação com ACM Neto é apontada como um dos fatores do rompimento com Bivar. Também foi esse movimento que consolidou o nome de Antonio Rueda como futuro presidente do União Brasil.

Apoiado por todos os principais nomes do partido, Rueda tem pregado união no partido da “desunião”.

ACM Neto

Herdeiro político do ex-governador da Bahia e senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), Antônio Carlos Magalhães Neto — conhecido como ACM Neto — será vice-presidente do União Brasil a partir de maio. Ele é apontado como principal fiador da candidatura de Rueda ao comando do partido.

Internamente, ACM Neto, que ocupa atualmente a secretário-geral do partido, discordava dos acenos de Luciano Bivar a Lula.

ACM Neto foi o último presidente do DEM, criado a partir do PFL, onde o seu avô se tornou um dos principais caciques. Ele foi prefeito de Salvador por oito anos, entre 2013 e 2020. Também foi deputado federal entre 2003 e 2012.

Ronaldo Caiado

Governador de Goiás, Ronaldo Caiado anunciou nesta terça que o União Brasil apresentará uma denúncia contra Luciano Bivar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele diz que a sigla pedirá a cassação do mandato de deputado federal de Bivar.

Figurão do antigo PFL e do DEM, Caiado é uma das principais vozes contrárias à aproximação do União Brasil ao governo Lula. Em 2022, ele apoiou a campanha à reeleição de Jair Bolsonaro.

Internamente, membros do União Brasil afirmam que as movimentações de Caiado em apoio a Rueda indicam o desejo do governador de disputar a Presidência em 2026.

Atualmente no segundo mandato como chefe do Executivo de Goiás, Caiado foi senador e deputado federal, e está há mais de 30 anos na política.

Davi Alcolumbre

Na gestão Rueda, Davi Alcolumbre ocupará o cargo de secretário-geral do União Brasil. Senador em segundo mandato, Alcolumbre tem escalado na vida política e conquistado cada vez mais espaço nas decisões partidárias — antes pelo DEM e, agora, pelo União — e internas do Senado.

Alcolumbre é visto pelos pares como um político cumpridor de acordos e de composição. Presidente do Senado durante os primeiros anos de governo Bolsonaro (2019 e 2021), ele esteve ao lado do então presidente.

Já no governo Lula, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado — principal colegiado da Casa —, construiu novas pontes e foi fiador de votações essenciais do Planalto, como a indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele também foi responsável por indicar, em uma das vaga destinada ao partido na Esplanada de Lula, Waldez Goés para ocupar o Ministério do Desenvolvimento Regional.

Ao mesmo tempo, ele também acena à oposição, pautando, por exemplo, as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que restringem decisões monocráticas de ministros do Supremo e que proíbe o porte e posse de drogas.

Para colegas do Senado, Davi Alcolumbre já está em campanha para suceder Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no comando da Casa. Ele é apontado como favorito para presidir a Casa.

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