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segunda-feira 19 de fevereiro de 2024 às 19:20h

Abilio Diniz foi quem inventou o termo “atacarejo”

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O império varejista criado por Abilio Diniz, a partir da primeira loja de supermercado Pão de Açúcar, em 1959, ao lado do pai Valetim dos Santos Diniz, foi erguido com base no apetite voraz do empresário pela compra de concorrentes e pela profusão de bandeiras de lojas com formatos específicos.

Entre a aquisição de redes varejistas inteiras ou apenas de algumas lojas isoladas, mais de duas dúzias de empresas, a maioria do setor de supermercados, foram incorporadas pelo Grupo Pão de Açúcar (GPA), segundo levantamento feito por Márcia De Chiara, do Estadão.

As aquisições envolveram desde os precursores do varejo de autosserviço, como o Sirva-se e o Peg-Pag nos anos 1960, até bandeiras icônicas do ramo supermercadista, como as redes Sé, Barateiro e Bazar 13. A maior parte dos negócios ocorreu na segunda metade da década de 1990 e no início dos anos 2000.

Nessa época, com a estabilização da inflação, muitas redes de supermercados se viram pressionadas pela mudança na forma de operar no varejo. O velho mecanismo de comprar as mercadorias a prazo e vender à vista, o que permitia aos supermercados um ganho financeiro por conta da inflação, chegava ao fim. Com dinheiro em caixa em razão da abertura do capital na Bolsa, o GPA foi à compras dos concorrentes do setor.

“Naquela época, havia um apetite voraz tanto do GPA como do Carrefour em expandir por meio de aquisição”, lembra o consultor Eugênio Foganholo, sócio da Mixxer, Desenvolvimento Empresarial.

Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), lembra do empreendedorismo e da perspicácia de Abilio Diniz de desenvolver formatos específicos de loja ou de incorporar outros por meio de aquisições, quando percebia que a concorrência estava mais à frente.

Atacarejo

O Assaí, por exemplo, bandeira comprada pelo GPA que mistura atacado com varejo, o atacarejo, cujo termo foi criado por Abilio, é um exemplo da percepção do empresário de que faria mais sentido comprar uma rede que já estava andando do que começar algo nesse modelo do zero, diz Terra. “Ele soube criar formatos, avançar com formatos e comprar formatos.”

O Extra, por exemplo, foi a bandeira de hipermercado “montada em casa” em 1989. E teve o papel importante quando o Carrefour estava dominando o mercado, observa o presidente da SBVC, ponderando que os problemas posteriores que houve com a marca não tiram o brilho da iniciativa.

Outro exemplo de formato de loja criado dentro do GPA é a bandeira Pão de Açúcar que durante anos foi referência do mercado no atendimento ao consumidor no setor de supermercados.

Segundo levantamento feito pelo Estadão, ao longo dos mais de 50 anos de atuação do empresário no varejo, a maior parte no segmento alimentar, estiveram sob a sua gestão mais de um dúzia de bandeiras e formatos de lojas.

Multiformatos

“Abilio abriu esse caminho dos vários formatos de loja no canal alimentar voltado para momentos específicos de compra, que hoje é algo óbvio, mas na época não tinha isso”, afirma Foganholo, da Mixxer.

Terra lembra da primeira tentativa de lojas de hard discount em 1979, como a inauguração Minibox e do Superbox, um conceito de lojas despojadas, com número reduzido de itens e preços competitivos, que acabaram não indo para frente. “Ele conseguiu antever o sucesso de alguns formatos, alguns inovadores, como o Pão de Açúcar que ele criou e chegou antes. Outros, ele soube criar para acompanhar a concorrência, caso do Extra”, exemplifica.

Pioneirismo no e-commerce

Além dos multiformatos de lojas físicas, outra veia do pioneirismo de Abilio foi inaugurar o primeiro e-commerce alimentar, o Amelia.com.br, em 2000, quando muito pouco se falava da digitalização do varejo.

Depois veio o Pão de Açúcar Mais, primeiro programa de fidelidade do varejo brasileiro. Na sequência, foram abertas drogarias e postos de gasolina nos hipermercados Extra, algo também inovador.

Com a compra do Ponto Frio em 2009 e a união com a Casas Bahia, ele ingressou pela segunda vez no ramo de eletrodomésticos, depois de ter adquirido a Eletroradiobraz em 1976 e criado o Jumbo Eletro. “A operação do Ponto Frio com Casas Bahia criou uma operação, que no auge, era a maior do setor no Brasil, bem antes do Magazine Luiza”, observa Terra.

Exceto no caso do Ponto Frio, que foi uma compra de oportunidade e, depois gerou a fusão com a Casas Bahia, o império do empresário foi construído no ramo alimentar, o principal segmento do varejo do País.

Depois da saída de Abilio do GPA em 2013, ele voltou às origens. Em 2015, por meio da Península Participações adquiriu ações do Grupo Carrefour Global e se tornou o segundo maior acionista da empresa francesa. No ano seguinte passou a ter assento no Conselho de administração do Carrefour mundial.

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