O Partido dos Trabalhadores planeja uma série de ações para colocar em evidência a primeira-dama, Janja da Silva, na campanha deste ano. Considerada um ativo eleitoral, a socióloga deve gravar vídeos para candidatos e reforçar palanques durante o pleito municipal de outubro.
A ideia é ajudar a catapultar candidaturas femininas e auxiliar a legenda a conquistar votos. A mulher do presidente Lula da Silva (PT) e a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, também já alinharam segundo reportagem de Jeniffer Gularte, do O Globo, a participação de Janja em palestras de formação de pré-candidatas.
No PT, a primeira-dama é vista como uma figura que anima a militância. Pela primeira vez, o partido está montando um mapa eleitoral junto aos dirigentes estaduais com a perspectiva de superar a cota dos 30% de participação feminina. Uma das metas internas é chegar a um patamar próximo de 50% — o percentual que Janja defende para este ano.
— Janja tem sido um estímulo e uma referência para a participação das mulheres na política. Estive com ela e a convidei para participar das campanhas de nossas candidatas nestas eleições, porque este é um desejo do PT. Agora vamos construir agendas com a presença dela — disse Gleisi ao jornal.
Encontro marcado
Em março, um encontro de pré-candidatas em Brasília deverá ter Janja como uma das protagonistas — neste sábado, ela publicou um post nas redes sociais comemorando o aniversário do partido e lembrando que é filiada desde os 17 anos. Na conferência, devem ser definidas as postulantes que receberão formação política, oficinas de comunicação, contábil e jurídica.
Em discussões internas, Janja também tem apontado a necessidade de que sejam reforçados mecanismos de proteção às mulheres vítimas de violência política de gênero, ou que sofram ameaças e, por isso, deixam de disputar eleições.
Uma das ideias em discussão com a primeira-dama é a criação de oficinas que garantam cuidados e proteção das candidatas no ambiente digital. Nas conversas, Janja tem defendido que não dá para pedir que mulheres sejam candidatas, se elas têm medo de violência.
Nos palanques, o PT tenta fazer algo semelhante ao pleito de 2022, quando Janja participou ativamente da campanha de Lula. Na ocasião, a primeira-dama subia em palcos, discursava e cantava jingle do petista. Durante o período, ela já cobrava maior participação feminina no comando de campanha e chegou a se negar a participar de fotos em que seria a única mulher. Em entrevista no mês passado à Rádio Metrópole, Lula disse que Janja vive a política “24 horas por dia”:
— Ela é muito interessada na questão social, sobretudo no que diz respeito à questão ambiental, de sustentabilidade, e também muito preocupada com a questão das mulheres. E me cobra, você não tem noção. Quando o (Ricardo) Stuckert tira uma fotografia minha que só tem homem, ela fica horrorizada.
Debate interno
Desde abril do ano passado, Janja já vem participando de reuniões internas do processo de formação de mulheres que vão ser candidatas a vereadoras e prefeitas. Petistas afirmam que ela tem ajudado elaborar estratégias para ampliar a presença feminina. Ainda será discutido pela cúpula do PT as campanhas que serão prioridade para a primeira-dama.
— Nossa avaliação é de que Janja ajuda em todo país. Não há um estado específico. Devemos concentrar esforços onde tem os maiores números de eleitores, mas Janja está disposta a percorrer o país — afirma Anne Moura, secretária nacional de Mulheres do PT.
Moura esteve ao lado da primeira-dama na conferência do PT de dezembro, quando Janja deu uma palestra a pré-candidatas.
— Vamos triplicar, multiplicar esse número de vereadoras e prefeitas pelo Brasil. Vocês são os porta-vozes do governo Lula — disse Janja em dezembro.