A Polícia Federal aponta uma tentativa de obstrução de justiça da Abin no dia do cumprimento de mandados de busca e apreensão na sede da agência na última quinta-feira (25). Segundo agentes, eles foram questionados sobre a extensão dos mandados, foram impedidos de acessar todos os documentos e tiveram que acionar o ministro do STF, Alexandre de Moraes, para um novo despacho. A Andréia Sadi informa que seu blog e a Isabela Camargo, do g1, procuraram a Abin e aguardam retorno.
O objetivo da medida judicial era acessar documentos supostamente produzidos pela chamada “Abin paralela”, que fazia espionagem ilegal. No entanto, segundo o blog apurou, os agentes foram questionados sobre a extensão da determinação judicial e a atual direção da agência criou dificuldades para que tivessem o acesso.
Diante do impedimento e para não recorrer ao uso da força, a PF acionou o ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator do caso, para um novo despacho. Só assim, segundo investigadores ouvidos pelo blog, a PF conseguiu acessar os dados e informações que eram importantes para a investigação.
A PF está trabalhando em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU), comandada pelo ministro Vinicius Carvalho.
O STF autorizou a CGU a ter acesso ao material da investigação e, a partir do trabalho feito pelo órgão, a PF tem conseguido também aprofundar as apurações sobre a Abin paralela.
Situação insustentável
Como o blog revelou ontem, o governo Lula avalia a demissão da cúpula da Abin. O número 2 do órgão, Alessandro Moretti, é tido como carta fora do baralho mas ala do governo — capitaneada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa — ainda tenta manter no posto Luiz Fernando Correa, chefe da Abin.
Ministros do STF fizeram chegar ao governo que também consideram a situação de Correa insustentável- assim como investigadores da PF. No entanto, Lula ainda não bateu o martelo sobre a situação do número 1 do órgão, segundo assessores próximos.
A investigação
De acordo com as investigações, a Abin mantinha uma ala paralela, que fazia espionagem ilegal usando o software israelense FirstMile.
A ferramenta era capaz de monitorar aparelhos de celular usando dados de GPS, o que permitia não só acompanhar a movimentação das pessoas monitoradas, mas também descobrir quem se encontrava com quem.
Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Passos, a espionagem atingiu 30 mil brasileiros. Entre eles, ministros e políticos de oposição ao governo.