segunda-feira 23 de dezembro de 2024
Werteunion poderá ser o segundo novo partido formado neste ano na Alemanha - Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance
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sábado 20 de janeiro de 2024 às 20:02h

Alemanha poderá ter novo partido conservador de direita

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A Alemanha está mais perto de ganhar uma nova legenda de direita. Membros do grupo ultraconservador Werteunion (união dos valores, em alemão) decidiram neste sábado (20), em uma reunião em Erfurt, se estabelecer como um novo partido político.

Hans-Georg Maassen, ex-chefe da agência de inteligência alemã, que foi removido do cargo após um escândalo nacional, foi escolhido para liderar o Werteunion nesses esforços. A tarefa dele, segundo o grupo, será “iniciar a fundação de um partido conservador liberal”.

Maassen – um membro de longa data da União Democrata Cristã (CDU), embora o partido tenha iniciado as formalidades para expulsá-lo – rotulou o Werteunion de “União 1.0”. A CDU e seu partido-irmão da Baviera, CSU, são coletivamente chamados de “União”.

O Werteunion foi criado em 2017 como uma ala ultraconservadora da CDU, da ex-chanceler federal Angela Merkel. À época, os membros do grupo alegaram que representavam a “essência central” do partido democrata cristão.

Eles ainda acusaram a então chefe de governo de abandonar os valores conservadores de seu partido ao permitir que mais de 1 milhão de migrantes, em grande parte refugiados da guerra e da pobreza no Oriente Médio e na África, entrassem na Alemanha.

O grupo tem mais de 4 mil membros e estaria se aproximando dos 6 mil, informou a revista Der Spiegel, citando o vice-líder federal Hans Pistner.

Um porta-voz do Werteunion disse que várias centenas de membros participaram da reunião neste sábado, que foi fechada ao público. Segundo ele, a maioria votou a favor de transferir o direito de usar o nome Werteunion ao partido.

Pivô de escândalos

Maassen, de 61 anos, foi forçado a deixar a presidência do Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV) em 2018, após seis anos no cargo. Ele se tornou pivô de um escândalo nacional após ter dado declarações minimizando protestos xenófobos e a violência de extrema direita em Chemnitz, no leste do país.

Naquele ano, a cidade na Saxônia foi palco de uma série de violentos protestos anti-imigrantes após um alemão de 35 anos ter sido esfaqueado e morto durante uma briga. Os suspeitos pelo crime eram requerentes de refúgio da Síria e do Iraque.

Após a morte, simpatizantes da extrema direita, neonazistas e críticos da política de refugiados da então chanceler Merkel saíram às ruas de Chemnitz, e foram registrados ataques xenófobos.

Maassen também esteve no centro de outro escândalo, após revelações de que ele teria passado informações do relatório anual de sua agência, antes da publicação, para o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD).

Segundo novo partido alemão de 2024

Se o plano for concretizado, o Werteunion será o segundo novo partido fundado na Alemanha em 2024. Sahra Wagenknecht, ex-política da sigla A Esquerda, criou uma legenda “conservadora de esquerda” neste mês.

A ideia de Maassen e Wagenknecht é que seus partidos já possam participar de três eleições regionais no país, na Turíngia, Saxônia e Brandemburgo, em setembro deste ano. Os três estados ficam no leste alemão, onde as siglas centristas tradicionais têm enfrentado mais dificuldade do que em nível nacional.

“O partido já poderia concorrer nas eleições estaduais no leste da Alemanha e trabalharia com todos os partidos (…) que estão prontos para uma mudança política na Alemanha”, afirmou Maassen, não descartando uma cooperação com a ultradireitista AfD.

O partido anti-imigração lidera as pesquisas eleitorais nos três estados. Nacionalmente, a AfD é o segundo maior partido nas sondagens, com cerca de 23% de apoio, atrás apenas da CDU.

Reunião secreta da ultradireita

O Werteunion chamou atenção do público nas últimas semanas após a notícia de que alguns de seus membros teriam participado de uma reunião secreta entre membros da AfD e neonazistas para discutir um plano de deportação de milhões de estrangeiros da Alemanha, incluindo requerentes de refúgio, imigrantes e aqueles com cidadania alemã que não se integraram no país.

O encontro gerou indignação em todo o país quando veio à tona há dez dias. O site de jornalismo investigativo Correctiv reportou que, durante a reunião, discutiu-se a chamada “remigração”, um termo frequentemente usado nos círculos de extrema direita como um eufemismo para a expulsão de imigrantes e minorias, incluindo alemães naturalizados.

O Werteunion confirmou que dois de seus membros estiveram na reunião, mas alegou que eles participaram “como convidados particulares e não como representantes do Werteunion”.

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