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terça-feira 2 de janeiro de 2024 às 06:45h

Eleição nos EUA e ampliação dos Brics em torno da China definem foco de 2024

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A eleição americana em 2024 está segundo artido de Eliane Cantanhêde, do Estadão, no centro das atenções mundiais e tanto da política externa quanto da política interna do Brasil. Nenhum dos candidatos, Joe Biden, democrata, e Donald Trump, republicano, encanta ou atrai o governo, iniciativa privada ou analistas, mas Trump é considerado o mal maior, com poder destrutivo das instituições dos EUA e risco para a estabilidade mundial. A invasão do Capitólio, em 6/1/2021, deixou cicatrizes.

Como a Argentina, a maior potência mundial está refém de uma polarização nefasta entre Biden, tão antiquado e incapaz de enfrentar os grandes problemas quanto o peronista derrotado Sérgio Massa, e Trump, tão absurdo, autocentrado e perigoso quanto Javier Milei. Há um estrangulamento do centro democrático e da racionalidade, quando o mundo, atolado em duas guerras, da Ucrânia e de Israel, precisa de negociação e bom senso.

A decisão de Milei de desdenhar da adesão da Argentina ao Brics – ampliado, aliás, a partir desta segunda-feira, 1º de janeiro – é consequência da balança internacional. De um lado, os EUA perdem liderança externa e aprofundam suas incertezas políticas e angústias internas. De outro, a China faz um esforço estratégico para aproximar o seu alcance político ao seu já bem definido poder econômico.

No meio, estão os Brics, já criados como resistência a um “mundo unipolar”, contra a hegemonia norte-americana, e agora, com cinco novos membros, vão se assumindo como massa de manobra da China contra os EUA e a favor da sua própria influência no mundo, com a bandeira da “desdolarização”. Ao se recusar a integrar o bloco, Milei toma partido de EUA e Israel e joga luzes na agudização da polaridade em 2024 e nos próximos anos, ou décadas.

Se Trump vencer, como indicam as pesquisas – apesar de dois Estados, Colorado e Maine, decretarem sua inelegibilidade –, a disputa entre EUA e China vai escalar, com expectativa de avanço da extrema direita no mundo, impulsionado por Israel, Rússia, Turquia, Hungria, Polônia e, agora, Argentina… Isso afeta a economia, o comércio, os princípios, os direitos humanos e os costumes.

O Brasil fica numa posição delicada. É parte importante dos Brics, com o presidente Lula fazendo acenos a China e Rússia e estocando a Europa e os EUA de Biden (imaginem com Trump…). Isso projeta Lula e o PT de um lado, com China e Brics, e o bolsonarismo de outro, com Trump e Milei, com mais polarização, tensão e contaminação política na economia. O mar, como os rios da Amazônia, não está para peixe. E o mundo, entre secas e enchentes, não está aí para brincadeira.

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