Analistas consultados pelo Banco Central voltaram a revisar para baixo a previsão para a inflação oficial do país para este ano. Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (18). O IPCA deve encerrar 2023 em 4,49%, na segunda semana seguida de revisão para baixo. A nova estimativa reforça a visão do mercado de que o Brasil terá inflação dentro da meta pela primeira vez desde 2020. O teto dela, definido pelo Conselho Monetário Nacional, é de até 4,75% para este ano.
Como mostra reportagem da revista Veja desta semana, a volta da inflação para as bandas determinadas pelo CMN tem como grande responsável a atuação do Banco Central, comandado por Roberto Campos Neto. Apesar de pressões políticas, o Banco Central seguiu o curso do aperto monetário, um remédio amargo, até detectar um processo contínuo de desinflação, e assim começar a cortar os juros. Na semana passada, o BC reduziu a Selic em mais 0,5 ponto percentual, encerrando 2023 em 11,75%, em linha com as projeções do mercado.
O mercado também revisou para baixo a taxa de câmbio para esse ano. O Focus projeta 4,93 reais, abaixo dos 4,95 reais por dólar. A decisão de juros nos Estados Unidos, com indicativo de cortes nas taxas para 2024 animou os investidores na última semana, e ajudou a reduzir a cotação do dólar. Como as commodities tanto de combustíveis quanto de alimentos são cotadas em dólar, a valorização do Real tem relevância na composição de preços locais.
Para 2024, os analistas mantiveram a Selic de 9,25% ao fim do ano, projetando mais cortes na Selic até lá. A inflação, segundo o Focus, deve ser de 3,93% no próximo ano. Dentro do limite da meta, de 4,5%, mas acima do centro dela, de 3% para o próximo ano. O desafio inflacionário em 2024 terá tanto questões climáticas e seu efeito no preço dos alimentos, grande parte do peso da cesta do IPCA, quanto o risco fiscal.