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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, tem trocado, em média, uma ofensa por dia pelas redes sociais. Nos últimos oito dias, as líderes que ocupam campos opostos do espectro político se alfinetaram em oito ocasiões. A mais recente ocorreu neste domingo, após Michelle ter criticado a indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em evento do PL Mulher no Rio Grande do Norte, a ex-primeira-dama afirmou que Dino é “lobo em pele de cordeiro”.
— Se ele é comunista, ele é contra os valores e princípios cristãos. Não existe comunista cristão, isso é de contramão [sic] com a palavra de Deus. A gente não pode aceitar esse tipo de gente no poder. Já imaginou se esse homem chegar ao STF o que vai acontecer com a gente? — questionou no último sábado.
No dia seguinte, Gleisi reagiu à declaração de Michelle em seu perfil no X (antigo Twitter). “Que moral tem a mulher do Bolsonaro, um presidente genocida, machista, que não gosta de mulheres, para atacar Lula e falar de Dino?”, rebateu a presidente nacional do PT. “A receptadora de Queiroz rachadinha e Mauro Cid negociador de joias tem muita coisa para explicar, a começar pela manipulação de crença e de fé das pessoas que ela fez”, disse.
As acusações não agradaram Michelle que, por sua vez, foi ao Instagram para responder o que chamou de um “comportamento não digno”. “Nossa, quanta bílis! Com acusações tão graves, deve ter provas… é bom que tenha… caso contrário, seria uma leviandade”, escreveu a mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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O impasse entre as duas começou na semana passada após um outro evento do PL Mulher. No sábado (25), Michelle afirmou que o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, só trabalha para seus “amigues”, em alusão à linguagem neutra.
— O ministro que se diz ser do ministério Humano, que para mim é desumano, porque é um ministério, é um ministro do “todes”, só tem trabalho pros amigues e os “bandides”. Mas como eu não sou favorável a linguagem neutra, que eles acham que incluem, mas não inclui. O governo que não trabalha para as pessoas de bem. É um governo que não trabalha para todos — discursou.
No domingo seguinte, Gleisi rebateu: “Ela criticando o governo é ridículo, quem é ela pra falar? Usa a fé pra enganar as pessoas e se fazer politicamente, passeou no exterior com o maquiador a tira colo, tá envolvida no contrabando de joias do Estado, fora os rolos com Queiroz. Está pecando, sabe disso e continua, vai na igreja pregar o ódio”, disse a presidente nacional do PT e deputada federal.
Na segunda-feira (27), contudo, Michelle foi às redes para responder Gleisi. Em outra publicação repleta de ironias, a mulher de Bolsonaro se referiu a Gleisi como “amante”. Em 2016, o executivo Benedicto Júnior, conhecido como “diretor do departamento de propina”, entregou em delação premiada uma suposta relação com 200 apelidos de políticos. A listagem teria sido montada para que funcionários do “baixo clero” não soubessem o destinatário do dinheiro. Entre os codinomes, Gleisi supostamente respondia por “amante”.
Em seguida, a ex-primeira-dama listou possíveis motivações que justificariam “ataques tão vorazes” a ela e sua fé. “Seria inveja do sucesso do PL Mulher e o resultado das pesquisas no Paraná?”, questionou.
Ao longo da semana passada, as ofensas continuaram. Na terça-feira, Gleisi afirmou que mentir é a “especialidade do casal Bolsonaro” e disse que os dois a atacam por dizer “verdades”. “MICHEQUE espalha veneno e inveja, mas não adianta se fingir de santa, os corredores da Câmara conhecem sua historia”, escreveu no X.
No mesmo dia, Michelle gravou um vídeo para o PL com uma indireta destinada à presidente nacional do PT.
— Quando tenho folga, gosto de jogar um videogamezinho. Só não gosto de jogar xadrez com pombos — disse, em referência a um conceito criado por Scott D. Weitzenhoffer em 2005 para descrever a inutilidade de discutir com “negacionistas”.
As alfinetadas seguiram na última quinta-feira quando, sem nenhum acontecimento, as duas voltaram a se atacar. Gleisi voltou a citar as investigações que já foram instauradas contra a ex-primeira-dama e a chamou de “falsa moralista”.
Por sua vez, Michelle voltou a falar que não “joga xadrez com pombos” e afirmou: “A inveja é uma tragédia”.
