A notícia de que o PT poderá lançar candidato próprio à Presidência da Câmara em 2025 renovou as especulações sobre o sucessor de Arthur Lira (PP-AL). Parece apenas uma preocupação distante, mas a disputa pelo comando no Congresso – Câmara e Senado – será crucial para a segunda metade do mandato do presidente Lula da Silva (PT).
O cenário da Câmara, por ora, é bastante diferente do cenário do Senado. Na Câmara, o movimento mais importante caberá ao próprio Lira; no Senado, a bola parece estar com o governo. Em ambos os casos, o governo precisa ter cuidado para não jogar a presidência no colo da oposição, hoje isolada e com pouca capacidade de obstrução. Se fizer os movimentos certos, o governo poderá manter boa relação com a presidência de ambas as casas, facilitando a aprovação de leis de seu interesse no período pré-eleitoral.
Na Câmara, há uma grande expectativa com relação ao nome que será apoiado pelo próprio Lira. Qualquer candidato que conte com o seu endosso estará bem posicionado para consolidar uma ampla frente e eleger-se com facilidade, com votos do governo e da oposição. Hoje, o nome mais citado entre deputados é o do deputado baiano Elmar Nascimento (União Brasil).
Esse cenário, porém, parte da premissa de que Lira sinalizará com clareza quem será o seu candidato. Isso não aconteceu na última sucessão, quando Rodrigo Maia manteve vários nomes na disputa, tentando equilibrar diferentes interesses. Enquanto isso, Lira se uniu ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), consolidou seu grupo, e chegou à Presidência. Se Lira falhar em apontar claramente um sucessor, tornará o cenário mais imprevisível, permitindo ao governo, ou à oposição, construir candidaturas alternativas.
No Senado, não há dúvida de que o candidato apoiado por Rodrigo Pacheco (PSD-MG) será Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Isso, porém, desagrada ao MDB, que já indica que tentará voltar à cadeira que ocupou por tantos anos. Isso colocará o governo em diante de uma decisão difícil. O MDB tem aliados mais antigos de Lula, como Renan Calheiros e Eduardo Braga, mas esses nomes correm risco de serem derrotados por uma candidatura de Alcolumbre, caso ele busque votos na oposição.
O governo pode optar por uma campanha segura, apoiando Alcolumbre para que a oposição siga enfraquecida; mas terá que lidar com a insatisfação de importantes aliados no MDB, especialmente se Lira, rival de Renan, garantir posição de influência na segunda metade do mandato de Lula.