Nestes últimos dias, a cidade de Feira de Santana viu o surgimento de uma nova voz na corrida à Prefeitura para o pleito do próximo ano. O deputado estadual Pablo Roberto, pré-candidato pelo PSDB, trouxe, em entrevista ao jornal Tribuna, a sua visão e seus planos para a cidade.
Confira:
Tribuna: O senhor lançou nestes últimos dias a sua pré-candidatura à Prefeitura de Feira. Como se deu essa decisão?
Pablo Roberto: Vivemos em Feira uma polarização que já dura aproximadamente 25 anos, completando agora entre dois candidatos que vem se enfrentando aí ao longo desses anos, e daí a necessidade de fazer com que, primeiro, a população possa sentir que essa pré-candidatura que nós estamos apresentando no momento é um movimento para valer. Então, fizemos dois movimentos considerados importantes. Fizemos uma coletiva na quarta-feira da semana retrasada e, na última segunda-feira, fizemos o pré-lançamento, apresentando um pouco da nossa proposta sobre o que pensamos e o que queremos para o futuro de Feira. O outro movimento que é importante registrar também são as pesquisas que estamos realizando, onde uma parte significativa da população clama por esse processo de mudança, e a avaliação que nós fazemos nesse momento é de que nós precisávamos, com antecedência, de que o nosso grupo, inclusive, precisava começar a discutir e dialogar o processo eleitoral pela importância que Feira tem no cenário estadual, no cenário nacional. Tenho dito que não é apenas procurar um partido, escolher um vice e montar a chapa de vereador. Tem que ocorrer um grande debate, uma ampla construção, inclusive de um programa de governo para o futuro para os próximos 10 anos. Por isso, o desejo e a iniciativa de fazer o lançamento faltando um ano.
Tribuna: Essa sinalização de que a pré-candidatura é ‘pra valer’ significa que o senhor levará a candidatura até o fim e se colocar com uma terceira via neste atual cenário?
Pablo Roberto: Que a candidatura é pra valer, isso aí é fato. Isso é irreversível. Não existe a menor possibilidade de recuo. Vamos continuar dialogando com os partidos, com as lideranças políticas da cidade. Não tenho usado muito essa questão de terceira via, mas tenho dito que é uma candidatura que vai ser apresentada com musculatura, com condições de disputar de forma igual os outros dois grupos também que participarão certamente da eleição.
Tribuna: De modo geral, qual a sua opinião sobre a gestão de Colbert Martins? E o que tem deixado a desejar de alguma maneira e que o próximo prefeito precisará assumir?
Pablo Roberto: Acho que o governo de Colbert Martins teve algumas dificuldades no que diz respeito à gestão e ao diálogo com a Câmara de Vereadores. Foram praticamente dois anos aí em relação aos debates e à discussão um atraso de muito tempo, inclusive na aprovação do orçamento da cidade, e isso, de certa forma, criou uma dificuldade muito grande no que diz respeito a algumas questões que precisavam ser colocadas. Acho que a gestão tem lutado e tem trabalhado muito para manter os serviços essenciais funcionando. E tem conseguido isso. Agora, o grande desafio do futuro para o próximo prefeito da cidade é de fato um programa muito arrojado no que diz respeito à mobilidade urbana, à saúde. A saúde precisa chegar mais perto da população. A atenção básica precisa de fato estar próxima da população. Há um reclame muito grande com relação a isso. O processo educacional também. Nós estamos assistindo já em muitas eleições a promessa de escola em tempo integral, e isso não vem acontecendo, está muito lento. Acho que a gente pode potencializar. E um tema que a cidade não pode se furtar de forma alguma, mesmo entendendo a competência constitucional, são as ações relacionadas à segurança pública. Feira tem musculatura, tem capacidade para isso. Temos uma guarda municipal forte. Temos uma central de monitoramento também, e que atende muito bem a isso. Acho que essas questões que eu citei, essas quatro, são, na verdade, desafios importantes para o futuro da cidade.
Tribuna: Sobre a segurança pública, a Prefeitura contribui, mas a responsabilidade sempre recai sobre o governo do Estado. O senhor acha que essa escalada da violência no estado pode, de alguma forma, influenciar nas eleições municipais? O senhor acredita que esse tema pode prejudicar o candidato do governo em sua avaliação?
Pablo Roberto: Essa é uma pauta importante. Não é especificamente com Feira de Santana, que pode acabar respingando no Estado. Acho que, durante toda a campanha, essa onda de violência tem crescido muito. Claro que se acentua mais aqui na capital e em Feira, nas maiores cidades, mas é um problema do estado inteiro. Então acho que se o governo não trabalhar de forma mais efetiva para minimizar esse grande conflito que estamos enfrentando agora, não tem como não acabar respingando também nos candidatos que o governo irá apoiar na eleição do ano que vem.
Tribuna: O ex-prefeito José Ronaldo tem se movimentado, mas ele não disse que será candidato. O senhor acredita que ele irá se lançar como candidato? E como o senhor avalia a possibilidade de enfrentá-lo nas urnas?
Pablo Roberto: Com relação a enfrentá-lo – e não é apenas enfrentar ele, que já vem aí, como falei anteriormente, na gestão da cidade há 25 anos, o outro candidato também, do PT, já tem também aproximadamente esse mesmo tempo disputando. Acho que são duas estruturas fortes, não vou deixar de ter muita clareza nisso. Mas que estou muito tranquilo com esse movimento, porque tenho sentido isso, não apenas nas pesquisas que eu tenho realizado, mas também nas andanças pela cidade. Há um sentimento muito forte de que há uma necessidade nesse momento de uma outra candidatura, de uma outra possibilidade, de um outro pensamento diferente daquilo que estamos assistindo. Então estou muito confiante e aguardo que eles possam de fato se manifestar. Até agora, só o candidato do PT [Zé Neto] anunciou oficialmente. José Ronaldo tem um estilo de fazer campanha, de se movimentar, que é muito no estilo de se repetir agora o que vem acontecendo nos últimos anos. Ele só fala, só dá sinalizações lá no finalzinho do segundo tempo, embora tenha se movimentado hoje nas atividades políticas da cidade. Ele tem andado, tem conversado com as pessoas, e eu espero que a gente possa tomar uma decisão o quanto antes para que a população de Feira de Santana tenha muita clareza do que será a eleição, saber quem são os candidatos e o que cada um apresenta.
Tribuna: Na semana passada, entrevistamos Zé Neto, que disse que dialogaria com o senhor se, claro, o PSDB em Feira de Santana fizesse uma espécie de autocrítica, reconhecendo também que faz parte da atual gestão. O senhor dialogaria com ele também sobre os problemas da cidade? Existe essa abertura?
Pablo Roberto: O diálogo tem sempre que acontecer. Vou me sentar e vou conversar com todo mundo, desde que o tema seja a cidade Feira de Santana. O diálogo agora é a construção de um projeto, como falei logo no início de nossa fala, para o futuro de Feira. O que eu tenho me refutado e que tenho sinalizado de imediato sempre que provocado, é porque nós não vamos nos sentar agora, no primeiro turno, com nenhum dos outros candidatos, independentemente de quem seja, onde a proposta seja de uma composição agora. Não existe essa possibilidade. Em um eventual segundo turno, nós conversaremos com todos envolvidos no processo eleitoral, com vistas a defender aquilo que for melhor para Feira.
Tribuna: Qual a sua avaliação do início do governo Lula até agora, principalmente, na da questão da relação com os municípios? E a figura de Lula e o PT vão ter alguma influência nas eleições municipais, incluindo em Feira de Santana?
Pablo Roberto: Em Feira se debate muito na eleição municipal a realidade da cidade. Nós enfrentamos em outras eleições em que Lula foi o presidente, e, depois, Dilma Rousseff também estava no comando, e participaram da eleição de forma muito forte e o resultado todo mundo conhece. Então, não acredito que há essa interferência. E, com relação à atuação do governo Lula, até agora está uma atuação muito tímida. O governo ainda tem certas limitações do diálogo com o Congresso Nacional, está aí tentando ajustar a cada dia, partilhando, negociando espaços para que possa ter sustentação. Mas do ponto de vista prático, operacional, de entrega à sociedade brasileira, de tudo aquilo que foi apresentado na campanha desses oito meses até agora, não. Então, é aguardar um pouco mais, e avaliar quando de fato começar o jogo para gente ter um termômetro de qual é a influência disso. Mas, até agora, a avaliação que eu faço, a administração central está muito tímida ainda.
Tribuna: O ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que é do União Brasil, é, de certa forma, o líder da oposição. O PSDB tem dialogado com ele? Ele, de alguma forma, irá ajudar nas eleições com seus aliados nos municípios?
Pablo Roberto: Estive conversando com ACM Neto há aproximadamente três meses, talvez, e confesso que nós conversamos muito sobre o cenário nacional, sobre o cenário estadual, e falamos de Feira de Santana de forma muito superficial. Até porque eu entendo a relação que ele tem com o ex-prefeito [José Ronaldo], e não vou em momento algum pressioná-lo de nenhuma forma para que ele aja diferente. Mas o que eu sei, e o que eu tenho acompanhado através da imprensa, é de que ele tem dito que nas cidades onde o grupo tenha mobilização, tenha influência, ele vai trabalhar muito para que o grupo esteja unido, inclusive, em um evento há aproximadamente 10 dias em Feira, ele falou isso, que vai trabalhar até a exaustão, até usar tudo aquilo que esteja a seu alcance, a sua disponibilidade para fazer com que o grupo tenha unidade, mas até agora não houve nenhum tipo de conversa. Com relação ao partido a nível estadual, confesso que não sei precisar neste momento como que está isso. Volto a dizer que esse pré-lançamento foi necessário, por esclarecer, de uma vez por todas, aos partidos, às lideranças políticas de Feira, e do estado, que ainda tinham alguma dúvida de que esse movimento de construção e de pavimentação desse caminho para a candidatura em Feira no ano que vem, é uma possibilidade real, e que nós estaremos participando desse movimento com muita força.