Segundo artigo de Fernando Duarte, do Bahia Notícias, o PT tenta reverter, junto ao presidente da Câmara, Arthur Lira, a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, para a CPI do MST. Há algum tempo já era previsível que esse colegiado, controlado majoritariamente por opositores ao governo, provocasse mais dor de cabeça ao Planalto do que qualquer outra CPI. Essa convocação aconteceu em meio a mais uma falha da articulação política, que não previu o requerimento extrapauta e a aprovação quase que instantânea da ida de Rui a uma sessão. Ponto para a oposição.
Não que haja problema na ida do ministro até o colegiado. Ele, em tese, não precisa temer as investidas dos deputados – ainda que o temperamento do ex-governador baianao ao ser confrontado não seja uma das qualidades dele. O problema é que uma CPI se sabe como começa e não como ela termina. Ao ter um ministro palaciano exposto na “cova dos leão”, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva corre o risco desnecessário de gerar fatos políticos para os adversários, exatamente o que eles desejam. Em tempos de redes sociais, o relevante são os cortes gerados a partir dos questionamentos a Rui, mesmo que eles sejam completamente descontextualizados.
Não foi a primeira tentativa de Ricardo Salles e companhia emplacarem essa convocação. Logo no comecinho dos trabalhos, era possível antecipar essa movimentação, que só não aconteceu antes devido ao empenho, principalmente, do deputado federal Valmir Assunção, representante do MST na Câmara. Petista tanto quanto Rui, apesar das desavenças públicas em um passado recente, Valmir entendia os riscos de ter o ministro sentado na cadeira de interrogado na CPI. Lá nas primeiras tentativas, ele conseguiu reverter o quadro desfavorável ao governo após pedir apoio à própria bancada, que não vinha dando a real importância para essa nova investigação contra o MST.
Com o estrago agora feito – a convocação foi aprovada -, o PT tenta mudar o destino de Rui na CPI via Arthur Lira. Porém isso torna o episódio mais uma moeda de troca para que o presidente da Câmara consiga barganhar mais e mais com o governo federal. Ou seja, se a articulação calculou o risco de deixar passar essa convocação para reverter depois, precisa ter a exata noção que o preço a ser pago pode ser maior do que ver o ministro da Casa Civil respondendo a perguntas aleatórias – e algumas vezes deslocadas da realidade.
Rui não é um garotinho que não sabe lidar com os corredores da política. Porém, diferente de outros tempos, quando conseguia ter uma ascendência grande no Legislativo por força do cargo de governador, agora precisa lidar com o profissionalismo e o pragmatismo de Brasília. É mais um teste, de acordo com este artigo de Fernando Duarte, para quem nunca descartou a hipótese de ser candidato a presidência da República.