Lula: faça o que digo, não faça o que faço

Na semana passada, Luis Roberto Barroso afirmou que “nós derrotamos o bolsonarismo”. Não foi apenas uma declaração infeliz, dada em um local onde um ministro do Supremo não deveria estar. Foi também um erro de análise.

No último domingo (23), em comício no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Lula corrigiu o ministro. “Nós derrotamos o Bolsonaro, mas não derrotamos os bolsonaristas ainda.” O presidente tem toda razão. Metade dos eleitores brasileiros votou em Jair Bolsonaro. É cedo para cantar vitória.

“Os maluco tão (sic) na rua. Ofendendo pessoas, xingando pessoas”, prosseguiu. “Nós vamos dizer para eles que queremos fazer com que esse país volte a ser civilizado. As pessoas não têm que se gostar, as pessoas têm apenas que se respeitar.” Acertou de novo. É preciso parar de ofender, xingar e desrespeitar os outros.

Seria desejável que Lula começasse dando o exemplo, que fizesse ele mesmo o que diz aos outros para fazer.

Segundo a coluna de Ricardo Rangel, da Veja, não há de ser ofendendo e desrespeitando milhões de pessoas que Lula fará com que este país volte a ser civilizado.

Nem que o bolsonarismo será derrotado. Pelo contrário, diz o colunista da revista: com essa atitude, o que vai conseguir é manter o bolsonarismo vivo até a próxima eleição — o que, a julgar pela conduta dos últimos cinco ou seis anos, é exatamente o que Lula pretende.