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O diretor do PNUD, Achim Steiner, lembrou que os países que conseguiram investir em medidas de proteção nos últimos anos evitaram que muitas pessoas caíssem na pobreza AP - MARTIAL TREZZINI
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sexta-feira 14 de julho de 2023 às 08:48h

Pandemia, guerra e inflação levaram 165 milhões de pessoas à pobreza, diz relatório da ONU

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O impacto acumulado da pandemia, da guerra na Ucrânia e da inflação, que gerou perda de poder aquisitivo, levou 75 milhões de pessoas a uma situação de extrema pobreza (menos de US$ 2,15 por dia, R$ 10,3 na cotação atual), entre 2020 e o fim de 2023.

Mais 90 milhões de pessoas também estão vivendo agora no limite da pobreza, com US$ 3,65 dólares (R$ 17,5 na cotação atual) por dia. Essas são as projeções feitas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

“Os países que conseguiram investir em medidas de proteção nos últimos anos evitaram que muitas pessoas caíssem na pobreza”, afirmou o diretor do PNUD, Achim Steiner, em um comunicado.

“Mas, nos países muito endividados, há uma correlação entre elevados níveis de dívida, gastos sociais insuficientes e um aumento alarmante da pobreza”, alertou. O PNUD pede uma “pausa” nos pagamentos das dívidas nestes países, que devem optar entre pagar a dívida ou ajudar a população.

De acordo com outro relatório da ONU, publicado na quarta-feira (12), 3,3 bilhões de pessoas, quase metade da população mundial, vivem em países que gastam mais para pagar os juros da dívida do que em áreas como educação e saúde.

Os países em desenvolvimento, apesar do nível de dívida menor – mas que aumenta rapidamente -, pagam mais juros devido ao aumento das taxas.

O PNUD pede uma “pausa” para destinar o pagamento das dívidas ao financiamento de medidas sociais destinadas a amortecer os efeitos dos choques econômicos. A ONU acredita que “a solução não está fora do alcance do sistema multilateral”.

De acordo com cálculos do PNUD, retirar estas 165 milhões de pessoas da pobreza custaria US$ 14 bilhões por ano, o equivalente 0,009% do PIB mundial em 2022, e menos de 4% do serviço da dívida dos países em desenvolvimento.

Inação

Ao considerar também as perdas de renda das pessoas que já estavam abaixo da linha da pobreza antes das crises recentes, o custo seria de US$ 107 bilhões 0,065% do PIB, quase 25% do serviço da dívida).

“Há um custo humano para a inação a respeito da reestruturação da dívida soberana dos países em desenvolvimento”, recorda Achim Steiner. “Precisamos de novos mecanismos para antecipar e absorver os impactos e para que a arquitetura financeira funcione para os mais vulneráveis”.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que pede uma reforma das instituições financeiras internacionais, criticou mais uma vez esta semana um sistema “obsoleto que reflete as dinâmicas coloniais da época em que foi criado”.

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