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segunda-feira 10 de julho de 2023 às 06:00h

Otto Filho fala em entrevista sobre candidatura única do grupo de Jerônimo em 2024

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O deputado federal Otto Alencar Filho, do PSD, avaliou, em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, como essencial que a base do governador Jerônimo Rodrigues, do PT, possa se unir em torno de uma única candidatura para impedir a reeleição do prefeito Bruno Reis (União Brasil) em 2024. Ele, porém, previu que até fevereiro do ano que vem o seu partido deverá bater o martelo se irá apoiar o candidato abraçado pelo governo ou se lançará um nome para a disputa.

Para o parlamentar, que é filho do senador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, o governo Lula tem melhorado o diálogo com o Congresso, principalmente com a aproximação do União Brasil.

Tribuna da Bahia: Qual a sua percepção em relação aos primeiros seis meses de governo Lula? O senhor acha que o governo já conseguiu encontrar uma direção?  

Otto Filho: Como qualquer início de governo, você tem alguns percalços, mas as coisas mais importantes a gente já está conseguindo aprovar. Uma das coisas mais importantes que a gente aprovou foi o arcabouço fiscal, e com ele também alguns programas que são importantes para que a gente possa dar uma atenção especial para a população mais carente, como foi a questão dos recursos voltados para os programas sociais. Agora nós temos uma base mais forte, com a vinda do União Brasil, isso facilita muito a aprovação dos projetos de interesse do governo federal. Acredito que com essa base mais consolidada, a gente vai partir para um novo projeto, que também é de interesse agora do governo, que é a reforma tributária, para podermos trazer uma simplificação nesse sistema tributário. Acredito que a gente vai resolver uma questão que é importante, que é a questão dos impostos sobre o consumo, aqueles que atacam mais a população mais carente, e de certa forma também fortalecer esse orçamento do governo com uma tributação mais moderna, mais eficiente, menos burocrática. A gente percebe que esses investimentos em infraestrutura que serão gerados com projetos como o Minha Casa, Minha Vida, investimentos no Bolsa Família para erradicar a fome, isso tem de certa forma melhorado a economia brasileira. O governo federal vai investir em infraestrutura para gerar emprego e renda, principalmente para essa população, que hoje está desassistida, para que através da geração de emprego a população volte a consumir mais e isso aqueça a economia. E fazendo com que as indústrias comecem a produzir mais. A gente já percebe isso na economia, o dólar está caindo, logo vamos ter a redução de juros, com certeza. Óbvio que o governo federal está tendo esse embate com o Banco Central, mas o presidente do Banco Central logo será substituído, e aquele que o presidente indicar com certeza absoluta vai ter uma visão mais desenvolvimentista, que é importante nesse momento. Então a minha perspectiva é que principalmente com a melhora da economia, que é uma das coisas mais importantes para qualquer governo, seja ele brasileiro ou de qualquer outro país, com dinheiro circulando na mão, na base da população. Isso vai realmente fazer com que o governo federal e o presidente Lula se consolidem para provavelmente uma reeleição. Então o caminho é esse. O caminho é que possamos fazer essas reformas, reformas importantes, gerar muito emprego e renda, investimentos, ampliar os investimentos nos estados e municípios.

Tribuna: Os municípios também representam um gargalo? 

Otto Filho: Precisamos também apoiar os municípios a resolver essa questão da queda de arrecadação, óbvio que isso vem também com a melhora da economia, mas eu acredito muito que dentro dessa reforma tributária a gente poderia pensar em uma redução do INSS nos municípios para ajudar eles no momento, mesmo que seja algo temporário, porque a situação dos municípios é muito difícil. E a gente precisa ajudar, até porque as pessoas vivem nos municípios e os prefeitos precisam desse alívio, pelo menos que não seja, vamos dizer assim, eterno. Nós temos dois projetos, o projeto do Jaques Wagner, que faz uma redução proporcional ao tamanho do município, que vai de 8% a 18% [alíquota]. E temos o outro projeto do senado Angelo Coronel, que reduz pela metade, em torno de 11%. Então, acredito que a gente está no rumo certo. O que nós precisávamos fazer é consolidar a nossa base na Câmara. No Senado a gente já tem uma base muito forte, graças a Deus.

Tribuna da Bahia: Muito se falou nesses últimos meses sobre a dificuldade de diálogo entre o governo e o Congresso. O senhor acha que essa dificuldade se estendia mais ao União Brasil ou também aos outros partidos que o governo precisaria dar mais atenção?   

Otto Filho: É óbvio que em um governo ainda com muitos partidos e muitas demandas, você precisa ter uma atenção especial a todos que são da base, com a vinda do União Brasil isso se fortaleceu, mas obviamente ainda precisa o governo federal ter uma atenção especial para os outros partidos da base. É importante que os ministros, em geral, continuem o atendimento que está sendo realizado para que a gente possa atender as demandas dos deputados federais e dos senadores, que são os representantes do povo, que são aqueles que, juntamente com as suas bases eleitorais, sentem as dificuldades do dia a dia. Mas, assim, eu acredito muito que a gente tende a melhorar ao longo desse ano. Como falei, no início a gente teve um pouco de dificuldade, mas agora as coisas estão começando a ficar mais tranquilas, um ambiente mais favorável para as reformas que precisamos aprovar.

Tribuna da Bahia: Essa questão do Banco Central, parte de quem defende os juros mais altos afirma que isso é necessário para controlar a inflação, que sem esses juros mais altos nós estaríamos com uma inflação mais descontrolada. O senhor concorda? 

Otto Filho: Houve uma melhora da economia. Ela foi pequena, foi. Mas houve. Então na minha opinião o Banco Central deve avaliar justamente essa queda dos juros, a melhora da economia e a queda do dólar como um fato positivo. Melhorou a economia e reduziu o dólar, ele poderia estar pensando em uma redução de juros, mesmo que fosse simbólica. Por exemplo: se o Banco Central reduz em 0,25% a taxa de juros, não faria diferença nenhuma, vamos dizer assim, para o aumento da inflação, mas sinalizaria muito positivamente para o mercado de que a gente está em um processo de desenvolvimento econômico social, em uma melhoria da economia. Ou seja, em um processo de melhoria da economia. Então, essas mudanças da taxa de juros, da taxa Selic, têm que ser sempre muito pequenas, muito pontuais, mas ao longo desse período não fazer nenhuma alteração. Mesmo com a melhoria da economia, a impressão que a gente está tendo é que o presidente do Banco do Brasil está meio que sabotando, vamos dizer assim, o projeto do governo de melhoria da economia. O que é óbvio. Você tem uma melhoria, que é visível, você teve a redução do dólar, então por que não reduzir mesmo de forma simbólica os juros? Não foram reduzidos. É muito estranho isso. Não é uma coisa normal de você ver. Então eu vejo que o presidente do Banco Central está com os dias contados.

Tribuna da Bahia: Para 2024, qual a meta do PSD no estado em termos de eleição de prefeitos?   

Otto Filho: Nós temos uma relação de bons prefeitos. É normal de qualquer partido você buscar uma expansão. O PSD, graças a Deus, com a liderança do nosso senador Otto Alencar, está indo muito bem. É um partido a nível nacional muito forte, muito respeitado, com quadros de políticos profissionais, que realmente têm perfis atuantes. E eu acho que isso faz uma grande diferença. A outra preocupação do PSD é a renovação. A gente tem lutado para trazer novas lideranças, lideranças jovens, com perfis carismáticos, mas também com um perfil profissional de gestor público. A preocupação nossa é que nos municípios que a gente atua, dentro do governo que a gente está trabalhando direta ou indiretamente, como é o caso daqui da Bahia, é a gente fazer uma boa gestão, ou apoiar a fazer uma boa gestão. E apoiar para que a gente possa trazer mais benefícios para a Bahia e ao Brasil através de uma gestão pública competente, ética e comprometida principalmente com a população carente. Eu acho que o PSD é um partido do futuro. Não só por conta dessa característica profissional, mas também pela liderança do nosso presidente a nível nacional, Gilberto Kassab, que é um grande líder, assim como é o senador Otto Alencar, uma pessoa que dá oportunidade para aqueles que merecem e querem trabalhar, então essa visão meritocrática da política é importante. Acho que é uma visão interessante. E essa é muito a visão do PSD, dar oportunidade para aqueles que merecem e que querem se dedicar. Então estamos iniciando a nossa renovação, temos dois deputados federais novos do PSD, não podemos esquecer daqueles que têm grandes experiências e que fazem parte do nosso partido. Mas é natural que daqui para frente a gente pense mais na renovação do partido, não só aqui na Bahia, mas também no Brasil.

Tribuna da Bahia: Em Salvador, o PSD apoiaria algum candidato do governo, ou o partido pode lançar um candidato próprio a prefeito?   

Otto Filho: Isso ainda é uma discussão que é muito cedo para fazermos. É uma discussão que ainda para ser avaliada a gente precisa de um tempo maior. Eu acredito que a decisão do PSD vai vir a partir de janeiro ou fevereiro do ano que vem. No momento não tem como tomar uma decisão e decidir. Existe essa possibilidade de o PSD ter um candidato? É possível. Sempre é possível. Mas na minha opinião, o melhor é que toda a base aliada do governador Jerônimo Rodrigues pudesse ter um só candidato para que a gente se fortaleça para as eleições municipais aqui em Salvador. Na minha opinião, a gente só tem como vencer se todos nós [nos unirmos]. É claro que se você tiver mais de um candidato da oposição, é óbvio que isso tende a fragilizar a eleição da base aliada do governador. Então eu espero muito que até janeiro ou fevereiro, a gente possa discutir uma candidatura única. Eu acredito que isso pode ser avaliado através de pesquisas, aquele que tiver melhores condições de vencer, que ele possa ser o candidato do grupo da base do governador, e a gente possa entrar unido entrar em uma campanha mais competitiva.

Tribuna da Bahia: A gente vê se desenrolando a CPI do 8 de janeiro e também a CPI do MST. Elas podem ajudar ou desgastar o governo?  

Otto Filho: A CPI do 8 de janeiro é extremamente necessária. Não podemos deixar de cobrar aqueles que fizeram o mal ao Brasil naquele dia. Eles devem ser responsabilizados. Eles têm que ser julgados. Eles têm que sofrer as penas que são imputadas para esse tipo de crime, que não é um crime pequeno, é um atentado à democracia. Não é algo simples. Aquele dia mudou muito a perspectiva do Brasil do que a gente acredita ser a democracia. A gente não pode permitir que isso aconteça mais. Por isso tem que haver. Eu acho que a CPI nesse caso é importante e eu acho que essas pessoas que erraram, que fizeram o mal, que atentaram contra a democracia, precisam ser julgadas, e sofrer as penas que a Justiça determinar. Sobre a questão da CPI do MST, eu acredito que esse é um caso mais de justiça, de a gente reforçar leis que deixem claro que, na minha opinião, por exemplo, invasão de terras é algo que a gente não pode aceitar. Uma coisa é o governo federal fazer reforma agrária da forma correta, o governo federal desapropriando terras e transferindo para aqueles que merecem ter uma titularidade da terra. Agora invasão de terra, isso na minha opinião deve acabar. Espero que a gente chegue à conscientização, ou através do fortalecimento de leis que impeçam essas invasões, é a minha opinião.  Não sou contra a reforma agrária, pelo contrário. Agora, eu acho que ela tem que ter critérios, quem deve fazer isso é o governo, e não através de invasões de terras de pessoas que têm propriedades e que esses bens às vezes passam de pai para filho. Então eu não acho isso correto. Acho que essas questões das invasões criam uma insegurança muito grande no campo e, óbvio, insegurança pode trazer violência. É ruim para os dois lados, tanto para aquele que invade quanto para o produtor rural que está tendo a sua terra invadida. Então isso pode criar conflitos e esses conflitos provocarem mortes. Eu acho que o governo federal deveria já tomar uma atitude. Nós da Câmara e do Senado estamos preocupados com essa situação que realmente, na minha opinião, é preocupante. Acredito que deveria também avaliar através de leis um fortalecimento dessas garantias para as pessoas que têm titularidades de terras.

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