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sexta-feira 2 de junho de 2023 às 19:08h

Impulsionadas pelo agro, projeções para PIB superam 2%

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O Brasil vive desde esta última quinta-feira (1º) uma onda de revisões para cima das projeções de crescimento da economia para 2023, com expectativas de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) superando os 2%. O novo patamar representa mais que o dobro do 1% projetado pelo mercado no início de maio. Em janeiro, a previsão ainda era de 0,78%.

Por trás das revisões está a agropecuária. O setor foi o maior motivo da expansão econômica brasileira no primeiro trimestre – de 4% frente ao mesmo período do ano passado e 1,9% em relação aos últimos três meses de 2022 – e deverá ser o principal motor do crescimento do PIB neste ano.

Divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), os resultados do PIB para os três primeiros meses do ano, com o altíssimo desempenho da agropecuária, surpreenderam analistas.

Enquanto, os serviços avançaram somente 0,6% e a indústria encolheu 0,1%, o agro avançou 21,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Frente ao primeiro trimestre de 2022, o setor de serviços teve alta de 2,9%. E a indústria cresceu apenas 1,9% – o equivalente a cerca de um décimo do avanço da agropecuária (18,8%) no mesmo período.

Força do agro

“A força política do setor [agropecuário] fica mais explícita. Se nos últimos dois anos esse impacto era mais difuso e não ficava tão claro, agora não é o caso. Isso dá força para a bancada da agropecuária no Congresso e forçará o governo a se render à realidade de que sem as commodities o país não consegue crescer”, analisa o economista-chefe da MB Associados, Sergi Valle.

Para Valle, agora se consolida a existência de dois Brasis: o agro e o não agro. “Esse conto de dois Brasis poderia ser um chamado para o governo começar a se entender melhor com o setor”, considera o economista.

A coordenadora do Boletim de Conjuntura do Ipea, Julia Braga, afirma que o agronegócio foi beneficiado pelos ciclos recentes de alta das commodities e o avanço das exportações. A expansão do setor dinamiza segmentos como transportes e logística, maquinários para a produção e de serviços relacionados, aponta.

Economistas indicam que a supersafra agrícola influencia a queda dos preços dos alimentos e, assim, a dinâmica inflacionária.

Projeções superam estimativas de Haddad

Novas previsões para 2023 já começaram a ser feitas por bancos, consultorias, entidades de classe e institutos de economia. São os casos do Credit Suisse e da própria MB Associados, que elevaram suas estimativas de expansão da economia para 2,1% este ano.

O Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) afirmaram à DW que também elevarão suas projeções econômicas para o ano, assim que fecharem o novo cálculo.

O Bradesco, por sua vez, disse que os resultados do PIB no primeiro trimestre reforçam uma “visão mais construtiva para o crescimento econômico neste ano”.

As novas projeções de crescimento econômico para 2023 superam até as estimativas mais otimistas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada.

“Vamos crescer mais do que as pessoas de mercado imaginam. Estão projetando um crescimento ainda de 1,1%, 1,2%. Isso não vai acontecer. O Brasil vai crescer 1,7%, 1,8%. E os mais otimistas, como eu, dizem que o crescimento pode bater em 2% este ano”, disse Haddad em entrevista na última sexta-feira à GloboNews.

Mercado de crédito como “vetor negativo”
O último Boletim Macrofiscal da Secretaria de Política Econômica (SPE) da Fazenda ainda prevê avanço de 1,9% para este ano.

Publicado em maio, o boletim define, contudo, que a desaceleração do mercado de crédito continua a ser o principal “vetor negativo” para o crescimento em 2023.

“As concessões de crédito livre continuaram arrefecendo na comparação do trimestre contra mesmo trimestre do ano anterior. As taxas de juros bancárias continuaram em ascensão, culminando em maior custo de crédito e inadimplência”, registra a publicação.

Segundo o documento, 42% da população adulta no país – o equivalente a mais de 70 milhões de brasileiros – pode ser considerada inadimplente, com forte concentração nas dívidas com cartões de crédito.

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