João Amoêdo, fundador do Partido Novo, declarou neste último sábado (15) que acha “estranho” ataques de “magnitude” recebidos após declarar voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições de 2022. As declarações foram concedidas ao portal Metrópoles.
“A gente tem que separar o que é comentário do Novo e de ex-candidato. O partido soltou uma nota dizendo que os filiados estavam liberados para se pronunciar quanto ao segundo turno das eleições. Então, me estranha um ataque dessa magnitude”, declarou o político. No início deste mês, o Novo havia liberado os filiados para apoiarem os candidatos de sua preferência no segundo turno.
Ainda na entrevista para o Metrópoles, Amôedo reforçou conforme Weudson Ribeiro, do UOL, que a declaração do seu voto é uma posição pessoal e não fala em nome do partido. Ele ressaltou que como cidadão também tem direito à livre manifestação.
É uma posição minha. Não estou falando em nome do partido. Além disso, um dos princípios do Novo, quando surgiu, é a defesa da liberdade de expressão. Como cidadão, tenho direito de me expressar. João Amoêdo, fundador do partido Novo
Ao site, o político ainda explicou que entende as eleições atuais como históricas e, por isso, decidiu revelar o seu voto em vez de votar nulo, como pretendia inicialmente.
“Estamos em um momento muito importante no país. Pensei que se eu declarasse o voto nulo, que era o que tinha pensado inicialmente, eu estaria me eximindo de participar da decisão, transferindo essa decisão para outras pessoas. Então, mesmo sendo difícil, mesmo sabendo que ia receber críticas, decidi adotar esse posicionamento”, completou.
Já à colunista Bela Megale, do jornal O Globo, o político disse que não pretende participar da campanha de Lula de nenhuma forma e já adiantou que não fará o “L”, remetido à campanha do petista.
“O que mais pesou [para eu não votar nulo] foi ver Bolsonaro sair fortalecido das eleições no Legislativo em âmbito nacional e estadual, além da ideia de aumentar os membros do Supremo Tribunal Federal. Juntando isso, decidi me posicionar e fazer oposição. Acredito que, com Lula, no dia seguinte vou ter mais liberdade para fazer oposição. Não farei o ‘L’. Sigo com minhas críticas a Lula e ao PT, mas Bolsonaro fez chacota da covid. Isso é inaceitável.”
Ainda sobre os ataques do seu partido pela posição, Amoêdo criticou as pessoas que “defendem liberdade apenas para quem pensa como elas”.
Faço uma postagem e sou atacado pelo membros do Novo. Eu não tenho direito? Alguns mandatários e a própria instituição partidária estão fazendo campanha no dia seguinte do primeiro turno e eu não tenho o direito de me manifestar? A gente virou uma sociedade em que as pessoas defendem liberdade apenas para quem pensa como elas. Para evoluir como sociedade, a gente tem que ter pessoas que pensem diferente. Tem uma parcela da sociedade que prega a liberdade, mas, na verdade, só prega para quem pensa igual a eles. João Amoêdo, fundador do partido Novo
Críticas a Amoêdo. Mais cedo, o partido Novo criticou o fundador da sigla: “A triste declaração constrange a instituição, que se mantém coerente com seus princípios e valores e reforça que Amoêdo não faz mais parte do corpo diretivo do partido desde março de 2020”, afirmou a legenda, comandada atualmente pelo empresário Eduardo Ribeiro.
Em nota, o presidente do Novo e o candidato da sigla à Presidência da República, Felipe D’Ávila, também atacaram o apoio de João Amoêdo a Lula no segundo turno. “Vergonhosa, constrangedora e incoerente a declaração de voto de João Amoêdo em Lula. O PT e o Lula representam tudo o que o nosso partido sempre combateu. Essa é a prova final de que o Novo nunca mudou, quem mudou foi o João”, disse Ribeiro.
“A declaração de voto de Amoêdo a Lula é uma traição aos valores liberais, ao partido Novo e a todas as pessoas que criaram um partido para livrar o Brasil do lulopetismo, que tantos males criou ao Brasil. Amoêdo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais”, comentou D’Ávila.