O ex-juiz, ex-ministro do governo Bolsonaro e candidato ao Senado Sergio Moro (União Brasil) falou em suspeitas de corrupção em seu antigo partido, o Podemos, do qual fez parte até março e pelo qual seria candidato à Presidência. Como resposta, foi acusado pela legenda de ser “mentiroso” e “irresponsável”.
“Quando estava no Podemos tomei conhecimento de algumas situações suspeitas envolvendo casos de corrupção e, em razão disso, solicitei a contratação de uma auditoria externa como condição para continuar filiado”, disse Moro, que trava disputa no Paraná contra seu padrinho político Álvaro Dias (Podemos), hoje seu principal concorrente ao Senado.
O assunto, segundo o ex-juiz, era de conhecimento da “alta direção” do partido. “O resultado preliminar indicou a necessidade de aprofundamento, em face de sólidos indícios”, afirmou.
De acordo com Moro, o assunto era conhecido também por Álvaro Dias. “Decidiram não tomar qualquer medida após o resultado preliminar. Essa é a principal razão que me levou a sair do partido”, afirmou Moro.
O Podemos contestou e disse que a auditoria nada teve a ver com algum pedido de Moro, mas com uma política de transparência. “Não houve, portanto, qualquer iniciativa exclusiva de Moro para pedido de auditoria.”
Segundo o partido, a conclusão da análise foi em julho, quatro meses após a saída de Moro. “O resultado da auditoria é objetivo e conclui pela regularidade integral, sem qualquer prova contrária, atestando expressamente que nenhuma prova de ilícito foi identificada.”
Já a empresa responsável pela auditoria, Saud Advogados, afirma que “não chegou a concluir pela ocorrência de atos ilícitos”, mas que foram identificados pontos de atenção e melhoria para compliance.
Sobre as acusações de corrupção, o Podemos disse que Moro é “mentiroso e irresponsável”, sendo estudada apuração de eventual crime de calúnia, por imputação de crime não comprovado.
O Podemos afirmou ser lamentável Moro ter “descido ao nível de fazer ilações e se basear em supostos indícios, de cunho pessoal”.
A razão seria tentar se autopromover e obter algum tipo de vantagem eleitoral local, “ferindo a credibilidade de pessoas e instituições”.
O presidente do Podemos no Paraná, Gustavo Castro, afirmou que a auditoria não apontou nenhum crime ou nenhuma contravenção. “Ele mentiu. Se houvesse crime, a obrigação era denunciar à autoridade pública.”
Castro afirma que Moro não deu explicações para sua saída do partido. “Não houve justificativa, ele simplesmente saiu. Fomos informados depois de ele ter saído.”