Com a melhora da situação da pandemia de Covid-19 diante da baixa histórica no número de novos casos e óbitos por conta da infecção, o governo federal e muitos governadores e prefeitos decidiram que as máscaras não são mais obrigatórias em território nacional.
Mas conforme reportagem de Juliana Contaifer, no Metrópoles, apesar de os especialistas ainda recomendarem cautela, depois de dois anos usando os itens, a maioria da população decidiu seguir a orientação do governo e largar de vez as máscaras. Ainda assim, muita gente não se sente segura e prefere continuar usando a proteção: mas será que faz diferença, em um cenário onde ninguém usa?
Segundo a coordenadora técnica da sala de situação de saúde da Universidade de Brasília (UnB), a epidemiologista Marcela Lopes Santos, vale a pena continuar apostando nas máscaras.
“Se você pensa na sua proteção individual e preza por isso, sim, é melhor continuar usando, principalmente se for a PFF2. Você vai ter uma segurança maior e, se tiver contato com uma pessoa contaminada, o risco será muito reduzido”, explica a professora.
Indivíduos dos grupos de risco e pessoas que têm contato próximo com pacientes vulneráveis, por exemplo, devem continuar se protegendo. Apesar de a vacina evitar que os imunizados sejam hospitalizados ou morram por causa da Covid-19, a transmissão ainda é possível e ajuda a proteger aqueles que podem ter casos graves da infecção.
Santos ensina ainda que, se for preciso priorizar o uso de máscaras para alguns ambientes, é melhor apostar no item de proteção em locais fechados, e nos quais se tem contato com muitas pessoas, além de lugares com aglomeração — o transporte público é um bom exemplo.
PFF2 ou cirúrgica?
A professora conta que, apesar de a situação estar melhor e a transmissão do coronavírus ter baixado, a máscara PFF2 ainda é a mais indicada para evitar a contaminação. Ela explica que a máscara cirúrgica é eficiente para evitar que pessoas contaminadas espalhem o vírus, mas o filtro não é pequeno o suficiente para evitar que o coronavírus entre.
A recomendação é que, além de prezar pela qualidade da máscara, se faça o uso adequado, com cuidado ao colocar e tirar, trocando no tempo oportuno e avaliando o local onde se está.
“Hoje, a máscara é uma proteção individual. Uma maior quantidade de pessoas usando o item facilita a proteção de forma coletiva, o vírus bate na máscara e não consegue entrar nem sair”, diz.
É seguro ficar sem?
A professora da UnB explica que, apesar do momento de calmaria e otimismo em relação à pandemia ainda não é totalmente seguro ficar sem máscara.
“Temos visto alguns picos de ocorrência fora do Brasil, e aqui ainda mantemos uma transmissão pontual, apesar de ter diminuído muito e a gravidade ter caído. É provável que a Covid-19 vire uma doença corriqueira, onde as pessoas acabam se infectando, tendo sintomas leves e se curando. Mas, nesse momento da pandemia que estamos, não me sinto segura de andar sem máscara e essa é a minha recomendação”, afirma Santos.