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segunda-feira 11 de abril de 2022 às 07:04h

Ausência de Datena na chapa de Rodrigo abre disputa entre MDB e União Brasil

NOTÍCIAS, POLÍTICA


definição da chapa de Rodrigo Garcia (PSDB), que assumiu o Governo de São Paulo no último dia 1º e vai disputar a reeleição, já provocou alguma controvérsia na aliança entre PSDB, MDB e União Brasil —partidos que, no plano nacional, querem escolher um presidenciável único em maio.

A desistência do apresentador José Luiz Datena (PSC), que iria concorrer ao Senado na chapa de Rodrigo, abriu espaço para disputa entre novos nomes e embolou os cenários estadual e nacional. Datena resolveu não assinar com a União Brasil, se filiar ao PSC e apoiar Tarcísio de Freitas (Republicanos), o candidato de Jair Bolsonaro (PL).

Enquanto Rodrigo amarrou o apoio dos três partidos em São Paulo, em um acerto que dava ao MDB a vice e à União Brasil a cadeira para o Senado, o presidenciável do PSDB, João Doria, também trabalha para garantir o mesmo tripé.

Doria, porém, enfrenta mais resistência entre os aliados —que também têm como opções Simone Tebet (MDB) ou algum nome da União, provavelmente Luciano Bivar (União). O ex-governador Eduardo Leite (PSDB) corre por fora na busca da indicação da chamada terceira via.

Seguindo o script de oferecer a Rodrigo um candidato à vice, o MDB filiou o ex-secretário de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, que estava no PSDB e deixou o cargo para poder concorrer. Aparecido é nome de confiança do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que por sua vez é próximo do atual governador.

Doria, no entanto, trabalha para emplacar seu ex-secretário da Fazenda Henrique Meirelles na vice de Rodrigo. O ex-governador, a princípio, patrocinou a filiação de Meirelles ao MDB com esse objetivo, mas o partido deixou claro ao secretário que tinha outros planos. Os emedebistas queriam eles próprios escolherem um nome em vez de aceitar o “prato feito” de Doria.

Com a saída de Datena, a União Brasil, então, filiou Meirelles —a dança das cadeiras ocorreu na semana passada, às vésperas do fechamento da janela partidária. Doria manteve o apoio a Meirelles na vice, o que irritou o MDB.

Os emedebistas consideram que, mesmo sem Datena, cabe à União Brasil indicar um nome para o Senado. A vaga é almejada também por tucanos, como o presidente do PSDB da capital paulista, Fernando Alfredo.

Além disso, a ingerência de Doria na construção da chapa do seu ex-vice-governador foi vista nos bastidores como uma jogada para pressionar o MDB. O partido poderia apoiar a indicação de Doria como o nome da terceira via se o ex-governador desistisse de emplacar Meirelles na vice —barganha que não será concretizada, de acordo com políticos ouvidos pela reportagem.

Aliados de Doria negam haver qualquer relação entre a construção da chapa de Rodrigo e o plano nacional
—até porque o ex-governador não poderia se indispor nem com a União Brasil nem com o MDB. O entorno do tucano diz que ele tem apreço por Meirelles.

Dirigentes de MDB, PSDB e União dizem que, hoje, o apoio a Simone é mais consensual do que o apoio a Doria, especialmente após o ex-governador ter ameaçado não renunciar, o que prejudicaria Rodrigo.

Por isso mesmo a aposta entre os aliados é a de que o ex-governador não vai conseguir emplacar Meirelles na chapa de Rodrigo. O MDB está fechado em torno de Aparecido, nome defendido também entre os tucanos do entorno de Bruno Covas, morto em maio de 2021.

A relação entre o MDB paulista de Baleia Rossi, Ricardo Nunes e Michel Temer com os tucanos como Covas, Doria e Rodrigo se consolidou na eleição de 2020 com a construção da chapa Covas-Nunes para a Prefeitura de São Paulo.

Emedebistas apontam ainda que, enquanto Edson Aparecido pode alavancar a popularidade de Rodrigo na capital por causa de sua atuação na pandemia, Meirelles é associado ao aumento de impostos promovido por Doria.

Outro nome cogitado para a vaga ao Senado é o do ex-juiz Sergio Moro, filiado na União Brasil em São Paulo e cujo projeto presidencial acumula vaivéns. A hipótese, no entanto, é desacreditada entre alguns tucanos.

Sem Datena, sem Moro e sem o tucano José Serra (que vai concorrer à Câmara), aliados de Fernando Alfredo veem chances de que ele emplaque sua candidatura ao Senado.

No cenário ideal, a chapa de Rodrigo seria composta por ao menos uma mulher, algo que políticos envolvidos na negociação não descartam —MDB e PSDB dizem ter quadros femininos para preencher as vagas.

Na semana passada, Rodrigo também buscou aglutinar o Podemos e parte do PL à sua campanha.

Como mostrou o Painel, ele ofereceu ao Podemos o comando da Secretaria de Esportes do estado, como forma de selar o apoio à sua reeleição. A secretaria era ocupada pelo Republicanos, que lançou Tarcísio ao governo.

De acordo com auxiliares de Rodrigo, o governador vai substituir aos poucos os secretários que deixaram o palácio para concorrer neste ano. É possível que alguns secretários-executivos, que assumiram provisoriamente, sejam mantidos.

Uma ala do PL, partido que fazia parte da base tucana em São Paulo, mas que passou a abrigar os bolsonaristas, resolveu manter o apoio à reeleição de Rodrigo mesmo com a direção do PL comprometida com Bolsonaro e Tarcísio.

Um evento na noite do último dia 5, em Suzano (SP), formalizou o embarque na campanha tucana de 7 deputados estaduais do PL, além de cerca de 30 prefeitos e 80 vereadores.

Rodrigo, porém, tem evitado falar publicamente em eleição, tema que ele diz ficar para o segundo semestre. Os partidos aliados também afirmam que a formação da chapa é algo para junho ou julho e que há tempo até lá.

Os primeiros dez dias do tucano à frente do Palácio dos Bandeirantes foram dedicados a entregas, visitas, reuniões e entrevistas, sobretudo no interior e mesmo aos fins de semana.

O governador quer tornar-se conhecido e, por isso, tem ido para a rua. Pesquisa Datafolha da semana passada mostrou que 85% dos paulistas não sabem quem governa São Paulo neste momento —11% acertaram seu nome.

Ainda de acordo com o Datafolha, Rodrigo aparece com 6% de intenções de votos, empatado na margem de erro com Tarcísio, que tem 10%. Fernando Haddad (PT) lidera com 29%, seguido de Márcio França (PSB), com 20%.

O pré-candidato tucano tem 17% de rejeição e é conhecido por 38% dos entrevistados.

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