O mundo tem razões para ser otimista com os rumos da pandemia de covid-19, mas ainda não é possível dizer quando as pessoas poderão abolir as máscaras e o distanciamento social, em meio ao surgimento de uma variante do coronavírus muito mais transmissível que as demais. Mas se há algo que a ômicron tem mostrado é que as vacinas funcionam, afirma a vice-diretora-geral de medicamentos da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariângela Simão.
“Estamos num lugar diferente de um ano atrás. Não dá para dizer que a pandemia vai acabar no meio do ano, mas temos ferramentas e tratamentos que ajudam a evitar casos severos. Há dados bem robustos que mostram que as vacinas protegem contra formas graves da doença, mesmo em meio à ômicron”, diz ela em entrevista ao Valor.
O Reino Unido, que desde o início produz muitos dados sobre a pandemia, já observou uma dissociação entre o número de casos — que explodiram com a ômicron — e o número de mortes, o que está associado ao aumento da cobertura vacinal. “Isso é extremamente importante”, observa. “NaEuropa, onde surgem 57% dos novos casos no mundo, houve um forte aumento no número de infecções, mas não de mortes.”
Outros pontos favoráveis a um desfecho da pandemia é que depois de dois anos o manejo clínico da doença evoluiu e, assim, a letalidade caiu. “Temos razões para ser otimistas, mas não complacentes. Não podemos baixar a guarda”, pondera Mariângela. Mesmo porque, enquanto houver baixa cobertura de vacinação em dezenas de países, como agora, há o risco de surgirem novas variantes de preocupação.