Apesar do jantar oferecido pelo presidente Jair Bolsonaro na noite desta última terça-feira (30) para lideranças evangélicas no Palácio da Alvorada, senadores dizem conforme Gerson Camarotti, no Bom Dia Brasil, que o governo não demonstrou empenho nesses últimos dias pela aprovação do nome do ex-ministro da Justiça André Mendonça para a vaga no Supremo Tribunal Federal.
Camarotti ouviu 19 senadores – entre a tarde desta terça-feira e a manhã desta quarta-feira (1º) – numa amostra que incluiu parlamentares de oposição, independentes e governistas. De forma majoritária, todos relataram que não houve qualquer mobilização governista em favor de Mendonça.
“O governo trabalhou pela PEC dos precatórios e colocou tropa de choque na CPI da Covid. Mas não pediu votos para Mendonça”, disse ao blog um senador independente. “Nem mesmo o senador Flávio Bolsonaro fez campanha para Mendonça”, reforçou um senador governista, lembrando que o filho do presidente foi atuante na CPI.
A constatação no Senado é que, apesar da ausência do governo, Mendonça conseguiu um apoio significativo da bancada evangélica e de lideranças de várias denominações.
“Isso é que pode fazer a diferença nesta reta final. A mobilização de pastores e bispos evangélicos foi intensa nessas últimas horas. E todo senador tem voto neste eleitorado”, disse um senador de oposição.
Para senadores, o jantar de Bolsonaro com evangélicos, onde o presidente pediu mobilização dos ministros para aprovar o nome de Mendonça, veio tarde e serviu muito mais como ato de campanha eleitoral para 2022.
“Ficou muito em cima da hora. Serviu muito mais como um gesto simbólico para fidelizar os evangélicos. O governo poderia ter mobilizado muito antes e de forma mais presente”, reconheceu a Camarotti um senador próximo ao Palácio do Planalto.
Entre os governistas, a avaliação é que o nome de Mendonça passaria na Comissão de Constituição e Justiça. Mas que, no plenário, o placar seria apertado. “Desta vez não arrisco um resultado”, disse ao blog um interlocutor de Bolsonaro.