O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (sem partido-RJ) atacou duramente em entrevista na revista Veja, o governo do presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-RJ), pela condução das votações da PEC dos Precatórios, que permite ao governo driblar o teto de gastos para criar o Auxílio Brasil. Convidado desta segunda-feira (29)do Amarelas On Air, programa de entrevistas da revista, Maia condenou as chamadas emendas do relator e disse enxergar uma distorção inédita na relação entre Executivo e Legislativo.
“Da forma como eles estão fazendo, você está aprovando um crédito, um Orçamento, e, durante o ano, você vai chantageando, ameaçando ou chicoteando os deputados, para que eles votem as matérias do governo. Isso nunca tinha acontecido. Orçamento aprovado era Orçamento executado e respeitado”, afirmou Maia, que classificou a PEC dos Precatórios como um “chute na Constituição”. “Não vou dizer que é mensalão. Seria ir longe demais sem provas. Mas tem algo estranho no ar, que parlamentares têm colocado recursos em outros Estados. Isso não cheira bem. Até eu ter condição de falar que é um mensalão ou que é algo ilegal seria irresponsabilidade da minha parte. Mas é algo estranho.”
Apresentado por esta colunista, o Amarelas On Air desta segunda-feira contou ainda com a presença dos jornalistas convidados André Guilherme Vieira, repórter de Política do Valor Econômico, e Iuri Pitta, analista de Política da CNN Brasil.
Maia retoma nesta semana seu cargo de secretário de Projetos e Ações Estratégicas no governo do tucano João Doria, depois de se licenciar para participar das articulações contra a PEC dos Precatórios no Congresso. Cabo eleitoral declarado do governador, agora oficialmente lançado na corrida presidencial, Maia também criticou a postura populista do presidente Jair Bolsonaro tendo em vista a eleição do ano que vem. Também criticou o ex-ministro Sérgio Moro, nome melhor colocado até agora para tentar viabilizar uma terceira via na eleição.
Segundo Maia, a candidatura do ex-juiz é prova de que a Operação Lava Jato se tornou um projeto de poder. Para ele, Moro é inexperiente na política e custa a demonstrar capacidade de entender o papel do Parlamento para garantir a governabilidade. Na visão do ex-presidente da Câmara, o setor do eleitorado que endossa a candidatura do ex-ministro repete o mesmo erro de 2018.
“Acho que vai na mesma linha do que a gente viu em 2018. E uma parte da elite já está indo na mesma linha, que é encontrar um atalho para tentar derrotar o PT e, agora, o Bolsonaro. Porque tem uma elite que já não gostava do PT e agora tem ojeriza também ao Bolsonaro, pelo desastre que é o governo Bolsonaro. Mas estão indo na mesma linha, não estão olhando qual é o projeto de poder, qual é a experiência que essa pessoa tem, como é que ela transforma os sonhos em realidade, como é que executa e como é que garante governabilidade.”