Na entrevista que concedeu ontem ao Amarelas On Air, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) faz um diagnóstico claro das resistências ao seu nome em alguns setores do PSDB. Queixou-se do desafeto Aécio Neves, criticou o alinhamento de parte de deputados do partido ao governo Bolsonaro e defendeu que se dê prioridade à renovação diante do desejo de Geraldo Alckmin de disputar o Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.
Ainda assim, o governador se disse confiante na capacidade de sair vitorioso das prévias tucanas, marcadas para novembro. Também minimizou seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto, ao prever que ganhará fôlego depois que a população assimilar os resultados positivos da política de restrições adotada durante a pandemia. É cedo para fazer previsões, segundo ele. Mas se faz necessária uma união do centro, para evitar que a sucessão presidencial fique entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o presidente Jair Bolsonaro.
É dentro desse contexto que o tucano declarou que, se entender que é preciso se retirar da corrida em nome de um terceira via, o fará. “Se ficarmos fracionados, não teremos uma terceira via”, disse. Não se trata de um passo para trás em seus planos de disputar o Palácio do Planalto. Na verdade, é o mínimo que se espera de qualquer pré-candidato que pretenda receber lá na frente apoio de outros postulantes.
Mas a reação de alguns setores do partido deixa transparecer o tamanho da preocupação no grupo do governador com as prévias tucanas. O presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, chegou a divulgar uma nota oficial em que afirma que as declarações dadas por Doria teriam sido tiradas de contexto.
“A fala do governador João Doria sobre as prévias foi descontextualizada”, escreveu o dirigente. “João Doria disputa a terceira eleição prévia de sua carreira política. Foi vencedor das duas anteriores e decidiu concorrer a mais uma para vencer, como faz com todos os projetos que se dispõe a realizar.”
Acontece que o contexto da fala de Doria sobre abrir mão da candidatura nunca foi o das prévias tucanas. Ele foi questionado sobre o jantar em que dividiu a mesa com Luiz Henrique Mandetta e Sérgio Moro. Ambos nomes ventilados nos bastidores como potenciais candidatos ao Palácio do Planalto em 2022.