Em entrevistado ao portal OFF News, o vice-governador e secretário de Planejamento do Estado da Bahia, João Leão (PP) falou sobre eleições 2022, investimentos na Bahia e alianças políticas.
Confira abaixo:
O PP nacional é aliado do presidente da República, enquanto na Bahia a legenda constitui aliança com o PT. O senhor já disse que estará com Lula em 2022. Informações divulgadas pela imprensa dão conta de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, irá cobrar da legenda uma unidade de apoio em 2022. O sr. teme uma pressão executiva nacional para que o partido na Bahia integre a base de Jair Bolsonaro?
O diretório nacional sou eu. Sou vice-presidente nacional do partido, 1º vice, então, não tenho receio; agora mesmo falei com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), e realmente ele pediu licença da presidência, e quem ia assumir era eu, mas não assumi pelas responsabilidades que tenho como secretário e vice-governador. De maneira nenhuma teremos problemas [com o apoio ao PT e não a Bolsonaro]. Além disso, temos o deputado Cacá Leão, líder da bancada no Congresso, temos o deputado Ronaldo Carleto, Cláudio Cajado, Mário Negromonte Jr, quatro grandes deputados do partido, e não temos o mínimo de receio.
O sr. foi procurado pelo presidente do Democratas e virtual candidato ao governo da Bahia, ACM Neto, para construção de uma possível aliança?
Nunca. Nunca tivemos esse tipo de conversa, de Neto pedindo para eu participar do governo e tal, não temos esse tipo de relacionamento. Nós nos cumprimentamos, somos amigos, mas na política somos adversários.
De zero a 10, qual é o nível de possibilidade do PP romper aliança na Bahia e decidir apoiar ACM Neto em 2022?
De 0 a 10? Eu diria que de 10 para estarmos todos juntos: Otto Alencar, Angelo Coronel, Jaques Wagner, Rui e eu; e ainda a companheira Lídice, e os companheiros do PCdoB Davidson etc.
O PT mais uma vez saiu na frente e indicou Jaques Wagner (PT) para representar o grupo na corrida pelo governo do estado em 2022. O sr. também anunciou sua candidatura. Otto tem dado sinais de que seu desejo é mesmo de concorrer novamente ao Senado Federal. Qual critério o senhor defende para escolha da cabeça de chapa do grupo em 2022?
Leão governador, o critério é esse.
Pelo tempo em que o PT encabeça o comando no estado, acredita que, por retribuição, chegou o momento do partido abrir mão de indicar o candidato ao governo em 2022, optando por compor sugerindo um nome para o cargo de vice-governador ou o senador da República, em prol de uma oxigenação no grupo?
Eu acho que sua pergunta está coberta de razões, nós temos todo interesse que isso aconteça; eu, Otto, todos. Participamos de uma majoritária e o grupo que apoiamos há 14 anos; quando Otto veio já estava no grupo, ele era conselheiro do TCM, veio para o grupo, abraçamos ele, foi nosso candidato a vice e continuamos juntos. Nós queremos encabeçar o governo, essa é a nossa premissa.
O deputado Robinho rompeu com Rui Costa e se transformou em um dos mais ferozes críticos do governo na ALBA. Isso está gerando incômodo na base. Essa semana um petista disse ao OFF News que é o sr. que terá que resolver o imbróglio de Robinho. O que pretende fazer?
O nosso deputado Robinho, ele compartilha de uma condição pessoal, o rompimento foi uma escolha dele. Nós vamos fazer uma reunião da executiva para resolver essa questão, volto a dizer, as declarações de Robinho é uma posição pessoal, o partido não coaduna absolutamente com nada do que ele está dizendo.
Membros de partidos emergentes da base, tendo como expoente público o deputado federal Marcelo Nilo, que já reclamou da situação na imprensa, reclamam do poder alcançado pelo PP. Segundo eles, houve um privilégio ao PP e também PSD na aliança, impedindo com que partidos menores acendessem tanto na estrutura do estado [secretarias e órgão], como no apoio para conquista de prefeituras. Como avalia essas críticas?
Nós temos um carinho grande por todos os partidos aliados, PSB, PCdoB, todos partidos que temos na base. Agora, política se faz com quem tem farinha no saco, quem tem mais farinha no saco tem condições melhores, isso não é de hoje, isso é milenar.
Seu tempo na SDE e agora na Seplan é marcado pela captação de investimentos no Estado, sendo o carro chefe o polo bioenergético e sucroalcooleiro em implantação no Médio São Francisco. Quais as outras regiões da Bahia o sr. tem projetos para atração de investimentos a serem implantados nos próximos anos, caso o seu grupo consiga se manter no poder?
Nós estamos projetando o governo não para agora, para quatro, oito anos, estamos planejando para 20, 30 anos. A Bahia é o estado mais rico da federação brasileira, com um potencial mineral tremendo, nós seremos, dentro de quatro anos, o maior exportador de minérios do Brasil. Nós éramos o sétimo maior produtor, estávamos lá atrás, e hoje somos o 3. Precisamos agora ultrapassar os estados do Pará e Minas Gerais, e nesses próximos quatro anos nós vamos fazer isso. Temos na região do Médio São Francisco, o polo bioenergético e sucroalcooleiro em implantação no Médio São Francisco, coisa grande. Estamos tocando hoje, são 28 projetos já em implantação e nós temos mais, queremos implantar 11 usinas de açúcar e álcool. Na próxima semana estou indo a Santa Catarina, onde vou assinar protocolo intenção com 12 vinícolas, trazendo para Bahia. Vamos produzir, através de uma cooperativa, uma grande vinícola, uma das maiores do Brasil em potencial de fabricação e vamos com essas 12, ser fornecedores. Aqui na Bahia já temos o 1º vinho campeão nacional, o vinho Ferro Doido, e o 2º vice-campeão nacional, o vinho Testardi Syrah. O vinho Testardi Syrah, fabricado pela Miolo Wine Group, com grande fabricação em Casa Nova. Hoje estamos fabricando também em Juazeiro, já estamos plantando uvas e começando a produção lá em, em Barra, começando a produção na Chapada Diamantina, lá em Morro do Chapéu, e estamos com uma grande fábrica na fazenda progresso, em Mucugê, uma das maiores do Brasil. Somos campeões do Brasil em prova às cegas, o Ferro Doido de Morro do Chapéu, o segundo Testardi Syrah, de Casa Nova, e agora vamos entrar com essa da fazenda progresso.
Há algum planejamento específico para a Região Metropolitana de Salvador?
A RMS é a mais rica da Bahia, 72% da arrecadação do estado está na RMS. Queremos fazer um crescimento para acabar, diminuir o fluxo de migração do interior para capital, e para isso precisamos fazer com que interior se desenvolva. 72% riqueza está na RMS, 18% interior, 5% no Litoral Norte, 5% Portal do Sertão, mais concentrados na cidade de Feira de Santana. Precisamos virar o jogo, aumentar a receita dos municípios do interior. De que maneira nós vamos conseguir? A ponte Salvador-Itaparica irá elevar a arrecadação, dos atuais R$ 50,1 bilhão; com a Ponte, esse número vai dobrar, vamos dobrar essa receita para R$ 101 bilhão. O polo sucroalcooleiro vai nos dar algo em torno de R$ 30 bilhões em receita, nossa expectativa, e aí vamos para R $130 bilhões. A FIOL deve nos dar algo em torno de mais R$ 30 bilhões em receita, e aí vamos para 160 bilhões de arrecadação. Esse investimento deve aumentar as arrecadações em todas as regiões do estado, estimamos que o desenvolvimento nos dará mais R$40 bilhões, e aí vamos para R$ 200 bilhões em receita, e aí começaremos a chegar perto do estado de São Paulo. A Bahia hoje arrecada R$51 bilhão e São Paulo R$ 237 bilhões de reais. Temos o dobro da área que o estado de São Paulo, muito mais riquezas naturais, o que precisamos é seguir nesse caminho e organização do estado para que possa desenvolver, sempre caminho para o futuro.