Em meados de janeiro, a vacina do Butantan começou a ser usada pela população brasileira, após ter sua eficácia e segurança comprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A autorização da Anvisa foi dada com base nos resultados dos testes e estudos clínicos que começaram em julho do ano passado em sete estados, incluindo o DF. O estudo foi realizado com 13.060 voluntários, todos profissionais da saúde e expostos diariamente à Covid-19. Metade do grupo recebeu placebo e a outra metade tomou a vacina.
Desde o início dos estudos, 252 pessoas foram infectadas: 167 do grupo placebo e 87 que tomaram a vacina. É importante destacar que entre os vacinados, não houve nenhum caso grave e nem moderado.
Os resultados do estudo da fase 3 mostraram que nos casos graves e moderados a eficácia é de 100%. Para os casos leves, 78% e, nos muito leves, 50,38%. Isso significa que temos 50,38% menos chances de contrair a doença. Se contrairmos, há 78% de chance de não precisarmos de qualquer atendimento médico e 100% de certeza de que a enfermidade não vai se agravar.
Já muito utilizada entre as produções do Butantan, a tecnologia do vírus inativado funciona da seguinte forma: o vírus é cultivado e multiplicado numa cultura de células e depois inativado por meio de calor ou produto químico. Ou seja, o corpo que recebe a vacina com o vírus – já inativado – começa a gerar os anticorpos necessários no combate da doença.
Após tomar a vacina, quem contrair o vírus não desenvolverá a doença, mas poderá transmiti-la. As vacinas atuam na prevenção e evitam o contágio, induzindo a criação de anticorpos por parte do sistema imunológico.
Outras dúvidas sobre a CoronaVac
>> Por que a eficácia muda de uma vacina para outra? A eficácia de cada estudo muda dependendo do ensaio clínico conduzido. Os critérios podem ser diferentes de país para país e fatores como quantidade de voluntários testados, nível de exposição ou contato com o vírus – inclusive a maneira como os sintomas foram percebidos ou acompanhados durante os testes – contribuem para diferentes resultados.
Por que a eficácia da CoronaVac é menor?
O estudo traçou um estudo diferenciado ao selecionar somente profissionais da saúde e que atuam diretamente na linha de frente. Nenhuma das demais vacinas foi testada em um ambiente de incidência tão alta. Nossa vacina ter apresentado uma eficácia de 50,38% não quer dizer que não seja boa. Pelo contrário, a eficácia de 50,38% da Coronavac está dentro do recomendado estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Anvisa, e quando comparada a outras vacinas como a da gripe, por exemplo, a eficácia é ainda maior.
Qual a principal vantagem dessa vacina?
A vantagem da CoronaVac comparada a outras vacinas é a logística de armazenamento e distribuição, já que a temperatura de conservação exigida é entre 2 e 8°C, média que os freezers disponíveis no Brasil utilizam para outras vacinas.
Quais os efeitos adversos da vacina?
Os efeitos mais comuns apresentados após a vacina foram: dor no local da aplicação e dor de cabeça após a primeira dose. Também não foram registrados efeitos adversos graves e de interesse especial relacionados à vacinação.
Quem pode tomar a vacina e quantas doses serão necessárias?
Inicialmente, o programa de imunização terá como alvo profissionais da saúde, pessoas com mais de 60 anos, indígenas e quilombolas. Terminada essa primeira fase da campanha, os demais grupos serão vacinados. Crianças e grávidas não entraram nos primeiros testes, mas participarão em breve dos estudos do Butantan. As duas doses da vacina somam 50,38% de eficácia e, durante o estudo, a segunda dose foi aplicada num intervalo de 14 a 28 dias em relação à primeira.