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terça-feira 24 de março de 2020 às 13:41h

‘Não é uma gripezinha, senti como se alguém pressionasse meus pulmões”, diz vereador infectado

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O vereador de Belo Horizonte Gabriel Azevedo (sem partido), teve a notícia de que estava com coronavírus. Logo, compartilhou a informação nas redes sociais. Desde então, vem recebendo todo tipo de manifestação, de ataques de bolsonaristas a flores em sua casa. Chegou a ser chamado de “militante biológico”, acusado de contaminar pessoas propositalmente, para prejudicar o governo.

À coluna, Gabriel relatou como tem se sentido e garantiu que o coronavírus é muito mais que uma “gripezinha”, como disse o presidente Jair Bolsonaro: “Passei muito mal, com 40,5 graus de febre. Senti uma dor, como se alguém pressionasse meus pulmões”.

O que sentiu quando soube que estava com o coronavírus?

É a pior sensação da vida. Você não imagina que pode representar a morte de pessoas que você ama. Eu tirei meu pai de 79 anos do apartamento dele para ficar comigo, sem saber que eu já estava contaminado. Imagina o quanto me senti culpado por colocar uma pessoa que amo, em risco. É horroroso. Mas, eu não tinha tido contato com ninguém (infectado), pelo menos não sabia até então, não tinha sintomas, não fazia a menor ideia que estava com o vírus.

Por que resolveu compartilhar o resultado nas redes sociais?

Porque isso é o dever de qualquer homem público. Foi bom, pois, imediatamente, a presidência da Câmara decidiu fechar a Casa e isso gerou um alerta na cidade inteira. BH avançou em diversas medidas que não tinha tomado.

Quais sintomas você tem sentido? É uma “gripezinha”, como disse o presidente?

Que gripezinha? Desde a última quinta-feira (19), passei muito mal. Tive 40,5 graus de febre, comecei a pingar e delirar, tosse horrorosa, uma dor que parece que tem alguém pressionando seus pulmões. Depois de três dias, a febre começou a ceder.

Como foi a reação das pessoas quando souberam que você estava infectado?

Teve de tudo, mas minhas redes viraram um inferno. Os apoiadores do presidente disseramque eu era “militante biológico”, falandoque eu estava contaminando as pessoas propositalmente para prejudicar o governo. Me chamaramde irresponsável, falaramque eu estava dando festa contaminado, espalharam muitas mentiras. Por outro lado, também teve manifestação de carinho. Na porta do meu prédio chegaram flores,cestas com comidas, vizinhos mandado recados pelas janelas.

O senhor sabe quando foi infectado?

Não sei ao certo. Chegou a mim que outras pessoas que estavam na festa de aniversário do (ex-vereador e agora secretário-geral de Minas Gerais) Mateus Simões, que foi na sexta-feira (13), souberam, depois, que estavam infectadas. Acho que fui contaminado nessa festa, porque uma pessoa que testou positivo para o coronavírus e que estava lá começou a sentir os sintomas antes de mim.

Essa pessoa te ligou para avisar que o teste deu positivo?

Sim.Eligou para pedir desculpas. Elanão sabia que estava infectada, não tinha sintomas. Assim como eu. Também pedi desculpas para um monte de gente, porque eu não sabia que estava com coronavírus até terça passada. Antes de saber, eu já tinha falado para fechar a Câmara dos Vereadores em uma reunião com outros parlamentares , tinha mandado todos os funcionários do meu gabinete para trabalhar em, casa. É uma situação terrível, tomar todas as medidas possíveis e depois saber que está infectado.

O senhor foi o primeiro caso de transmissão comunitária em Belo Horizonte?

A Secretaria as Saúde me informou que, até então, os casos positivos eram de pessoas que tinham viajado. Eu fiz o exame por precaução. As pessoas que estavam fazendo, era por suspeita.

Ainda mantém seu projeto de pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro? 

Pode ter certeza que eu vou fazer. Mas não tem nada a ver com coronavírus, não. O presidente faz vários absurdos, como ter dito que as eleições foram fraudadas. Essa é a base do meu questionamento. Se ele tem as provas, tem que apresentá-las, senão está atentando contra o poder judiciário.

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