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quinta-feira 8 de outubro de 2020 às 17:05h

7 perguntas para se fazer antes de pedir demissão

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Por Caroline Ceniza-Levine

Frequentemente conduzo workshops sobre negociação, e a maioria das perguntas que surge é sobre como negociar salários ou uma oferta de trabalho (como datas, bônus e cronograma). No entanto, de vez em quando, eu recebo uma pergunta mais ambiciosa, até mesmo reflexiva, sobre como negociar mudanças em uma empresa quando você discorda da gestão administrativa.

Uma estagiária foi incentivada a se candidatar a um cargo efetivo na mesma empresa onde trabalha, mas está em dúvida, já que se sente insatisfeita com a falta de diversidade. Ela se questiona se deve pressionar seus gestores para que se comprometam com o tema. Outra funcionária temporária sentiu-se ignorada pelo seu atual gerente – como já tinha vivido isso antes, estava pensando em tentar uma colocação em outra companhia, já que mentoria é um de seus principais interesses em um emprego. Até mesmo funcionários experientes enfrentam situações parecidas. Uma executiva, por exemplo, levantou preocupações sobre a direção estratégica de sua empresa várias vezes, mas não conseguiu convencer seus colegas a mudar o rumo.

Em todos esses casos, o funcionário discorda com algum aspecto da administração. Mas como saber se, nestes casos, devemos recuar e fazer um acordo, definir um limite ou deixar a empresa em busca de outro lugar para trabalhar?

Na galeria a seguir estão 7 perguntas que vão ajudá-lo a decidir se você deve deixar seu trabalho quando discordar do sistema de gestão:

1 – Discordar faz parte do seu trabalho?

Uma executiva sênior que levanta preocupações sobre a direção estratégica da empresa está no seu papel, afinal, ela faz parte da equipe de liderança. Existem muitos problemas na gestão das empresas que envolvem lideranças distintas, então o fato de existir uma diferença de opinião não é, exatamente, um sinal de alerta. Porém, se essa executiva discorda da direção da empresa o tempo todo, talvez seja melhor encontrar uma companhia com a qual esteja mais alinhada. Em um lugar com direcionamento diferente, talvez suas ideias sejam aceitas e sua voz ouvida.

Após uma reflexão, essa mesma executiva percebeu que havia outras questões que pesavam na balança – ela ainda acreditava na empresa e em seus colegas em geral e ainda queria trabalhar lá. Sua falta de influência era específica para uma questão em particular, e compartilhar sua opinião (às vezes para discordar, mas também às vezes para concordar) era parte do seu trabalho e uma boa forma de contribuir para a empresa.

Dê um passo atrás e reflita mais sobre a natureza de seu desacordo com a empresa – você pode querer evitar o conflito, mas discordar pode ser parte de seu trabalho.

2 – Você vai melhorar a situação se demitindo?

Essa executiva sênior contribuiu com pensamentos contrários e, sem dúvida, melhorou a empresa ao persistir na discussão em vez de sair em protesto. Da mesma forma, a estagiária preocupada com a falta de diversidade também pode contribuir para sanar o problema ao ser efetivada e começar a trabalhar em tempo integral. Recusar uma oferta pode ser visto como uma tomada de posição, mas assim que você fizer isso, sua influência na empresa chegará ao fim. E você não será capaz de promover qualquer mudança.

A estagiária temia aceitar um emprego em tempo integral e se tornar cúmplice de um comportamento com o qual discordava. No entanto, todo trabalho tem múltiplas responsabilidades e toda empresa é multifacetada – com atributos bons e ruins. Invariavelmente, haverá algo (normalmente várias coisas) de que você não gosta e deseja melhorar em relação à sua função e/ou ao seu empregador. Você provavelmente terá mais impacto tentando melhorar a situação estando do lado de dentro. Como bônus, você também pode melhorar a situação para os outros.

3 – Você tem uma alternativa melhor?

Só porque você pode trabalhar para melhorar uma situação, não significa que você necessariamente precise fazer isso. A executiva sênior, cujo papel inclui a direção estratégica da empresa, sem dúvida tem a responsabilidade embutida de trabalhar ativamente em suas divergências. A estagiária cuja função não era a contratação de diversidade, mas algo totalmente diferente (finanças, no caso dela), não está sujeita ao mesmo compromisso. Se ela não quiser enfrentar esse problema específico, não precisa – caso tenha outras ofertas ou esteja disposta a continuar sua busca por um emprego.

Antes de encerrar (ou, neste caso, desistir prematuramente de uma oferta), analise suas alternativas. Você tem outras ofertas? Elas podem trazer problemas semelhantes? Caso não tenha, está disposto a assumir a incerteza de uma procura de emprego agora? Tenha em mente que alguns mercados de trabalho são mais amáveis ​​do que outros – há amplas evidências de que hoje ele está bem mais desafiador do que nunca.

4 – Você pode se dar ao luxo de se demitir?

Você pode amargar um período de desemprego até encontrar um novo emprego? Dou aulas de negociação e, quando pergunto aos meus alunos sobre a sua vida financeira – e como vão se sustentar – vejo que nem todos eles calcularam como será seu dia a dia sem um trabalho. Normalmente, eles assumem que o apoio dos pais continuará existindo ou que suas economias serão suficientes.

Talvez eles até estejam certos. No entanto, você deve sempre calcular como irá se sustentar e levar em consideração quaisquer mudanças futuras que possam impactar drasticamente sua situação. Eu treinei profissionais experientes que passaram por mudanças significativas na vida, como a entrada dos filhos na faculdade e pais idosos que passaram a precisar de cuidados. Por fim, uma vez que é muito mais fácil conseguir um emprego quando você já tem um, pense duas vezes antes de desistir neste mercado de trabalho atual, mais fraco, onde é ainda mais difícil encontrar uma recolocação.

5 – É muito cedo para desistir?

Eu me sustentei na faculdade principalmente graças ao trabalho temporário, por isso me sinto solidária com aqueles que estão nessa mesma – mas não têm o apoio de seus gerentes. Um dos benefícios de se tornar efetivo é que você pode experimentar a empresa em primeira mão antes de decidir se vai trabalhar lá. Se sua experiência temporária não for positiva, você já sabe que não haverá nenhuma grande melhoria.

No entanto, os primeiros dias no trabalho são quase sempre estranhos. Você ainda está aprendendo e, mesmo que as responsabilidades já sejam conhecidas, você está descobrindo como essa empresa, em particular, faz as coisas. Para a maioria das pessoas, os primeiros 90 dias não serão confortáveis ​​e, para outras, especialmente quando a função é complexa e/ou exige lidar com muitas pessoas diferentes), todo o primeiro ano pode parecer desconfortável. Você deve considerar se suas dúvidas são realmente sobre a situação ou sobre a novidade da situação.

6 – Você está muito envolvido com a situação para tomar uma decisão?

Se você está realmente chateado com algo que a empresa fez – seja um gerente que não o apoiou, falta de compromisso, um desacordo específico ou outra coisa -, significa que está no calor do acontecimento para desistir de maneira adequada. Mesmo se você tiver 100% de certeza de que deseja ir embora e nunca mais voltar, é bom manter uma postura profissional e racional.

Você quer chegar a um estágio em que possa falar sobre sua queixa com uma voz neutra. O ideal é que você tenha tentado remediar a situação antes de desistir da empresa. O ambiente de mercado atual é incomum por causa da pandemia, que interrompeu os padrões de trabalho, mexeu com a disponibilidade de matéria-prima e alterou a regularidade dos clientes (algumas empresas tiveram uma grande queda nos negócios, mas algumas estão vendo um aumento). A forma como uma empresa está sendo administrada agora pode não ser um indicativo de como ela normalmente funciona. Assim como você quer dar a si mesmo algum tempo para se acalmar, você também pode dar à empresa algum tempo para se ajustar a quaisquer dificuldades deste mercado realmente fora do comum.

7 – Como você vai garantir que essa mesma situação não aconteça de novo?

Se você deixar o emprego devido à falta de concordância com alguma coisa em vez de tentar resolvê-la – seja mudando a empresa ou mudando a si mesmo -, perderá a oportunidade de construir resiliência. Você desiste da empresa em vez de investir nela. Se você fizer isso uma vez, pode não fazer diferença em uma carreira de longo prazo. Mas se um futuro emprego tiver um mandato curto – digamos que você seja despedido – ou um outro apresentar outra situação desagradável, você pode rapidamente se encontrar vivendo um padrão de empregos rápidos.

Você não deve ficar preso em uma situação ruim apenas para evitar deixar um emprego em pouco tempo. No entanto, é preciso aprender como melhorar uma situação de trabalho antes de sair.

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