Após ser indicado pelo presidente Lula (PT) para assumir a vaga deixada pelo ex-ministro Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Cristiano Zanin tem marcado encontros de acordo Luísa Marzullo, do O Globo, com lideranças evangélicas que apoiaram a candidatura do ministro André Mendonça em 2021.
Na semana passada, antes mesmo da indicação que ocorreu na quinta-feira, Zanin esteve com o deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP). Outros parlamentares da Assembleia de Deus foram procurados pelo advogado, como o segundo vice-presidente da Câmara Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Silas Câmara (Republicanos-AM). Embora a aprovação passe apenas pelo Senado, os três deputados atuaram junto aos evangélicos pela aprovação de Mendonça, em 2021.
Sóstenes confirmou ao O Globo, que aceitou se encontrar com Zanin em reunião que deve ocorrer em Brasília entre terça e quarta-feira. O deputado afirmou que apesar de não conhecer o indicado, o receberá:
— Ele sabe o quanto eu, Cezinha e Silas Câmara ajudamos no apoio a André Mendonça. Vou recebê-lo porque ele está pedindo e como não o conheço, quero ouvi-lo. O apoio depende do que ele pensa sobre nossos valores morais.
Apoio de evangélicos
Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2021, o ministro André Mendonça aguardou 141 dias para ter seu nome aprovado pelo Senado Federal. Só sua sabatina foi desmarcada duas vezes.
Neste contexto, o apoio dos religiosos sacramentou sua nomeação: os 114 deputados e 13 senadores que pertenciam à Frente Parlamentar Evangélica levaram pastores a Brasília que organizaram reuniões com os 81 senadores, no intuito de virar votos. Na sabatina de mais de seis horas, deputados e pastores se revezaram no plenário acompanhando os questionamentos, afim de assegurar a passabilidade.
A movimentação foi tão grande que, em seu discurso pós-nomeação, Mendonça agradeceu nominalmente a Frente Parlamentar Evangélica.
— Queremos dizer ao povo brasileiro que o povo evangélico tem ajudado este país, e quer continuar ajudando — disse após caracterizar a aprovação como um “grande salto” para o setor. Anteriormente, Bolsonaro havia o descrito como um ministro “terrivelmente evangélico”.
Por anseio de que a história de demora se repita, o Palácio do Planalto articula um acordo com a Casa para que a sabatina na Comissão de Segurança e Justiça (CCJ) ocorra ainda esta semana. Nesta etapa, ele ficará frente a frente com opositores de Lula, como Sergio Moro (União Brasil-PR) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Em seguida, Zanin será votado pelo plenário da Casa e precisa da maioria absoluta, ou seja, ao menos 42 votos para ser nomeado ministro do STF.