O aumento repentino no cadastro de novos adeptos forçou o Signal a contratar mais funcionários para reforçar o serviço e a infraestrutura. O Telegram ultrapassou a marca de 500 milhões de usuários, após a entrada de 25 milhões em apenas três dias. Por trás da corrida a aplicativos de mensagens alternativos está uma mudança nos termos de serviços e na política de privacidade do WhatsApp.
Desde o início do ano, os mais de 2 bilhões de usuários do WhatsApp vêm recebendo um alerta sobre a atualização das regras, que deve ser aceita até o dia 8 de fevereiro. Quem não concordar, não poderá usar o aplicativo. Mas o que muda com os novos contratos?
Sem opção de não compartilhar
A principal mudança está no compartilhamento de informações com outras empresas do grupo Facebook. Na versão anterior da política de privacidade, que vigorava desde dezembro de 2019, o repasse de dados era opcional:
“Se você já usa o WhatsApp poderá escolher não compartilhar os dados da sua conta do WhatsApp com o Facebook para melhorar suas experiências com anúncios e produtos no Facebook”, dentro de um prazo de 30 dias após o aceite, dizia o trecho que foi suprimido na versão atual.
E a relação entre o app de mensagens e o conglomerado de Mark Zuckerberg foi reforçada. Na versão anterior, o Facebook era citado 15 vezes na política de privacidade e duas vezes nos termos de serviços. Agora, são 38 vezes na política de privacidade e 11, nos termos de serviço.
Contato entre pessoas e negócios
Com a repercussão negativa, Will Cathcart, diretor do WhatsApp no Facebook, usou uma rede social para tentar tranquilizar os usuários. Segundo o executivo, a atualização se refere à comunicação de negócios e “não altera as práticas de compartilhamento de dados do WhatsApp com o Facebook”.
“Nós atualizamos nossas políticas para sermos transparentes e melhor descrevermos ferramentas opcionais de pessoas para negócios”, afirmou Cathcart.
De fato, foi incluído um item na seção “Dados fornecidos por você” da política de privacidade, específico para transações e pagamentos. E em “Dados coletados automaticamente” foi incluído o item “recursos comerciais e de pagamento”.
Na seção “Dados de terceiros”, existe agora um trecho exclusivo para “Empresas no WhatsApp”, ressaltando que quando usuários trocam “mensagens com uma empresa, o conteúdo que você compartilha pode ser visualizado por diversas pessoas naquela empresa”.
Em outubro, a empresa informou planos para a oferta de novos serviços para contas comerciais, como a finalização de compras diretamente pelo aplicativo e a hospedagem e o gerenciamento de serviços de atendimento ao cliente.
Uso de dados pelo Facebook
A versão anterior da política de privacidade já previa o intercâmbio de informações dos usuários entre as empresas do grupo, mas isso, agora, se tornou compulsório. A rede social já podia “usar dados do WhatsApp para fazer sugestões (por exemplo, de amigos, de contatos ou de conteúdo interessante) e mostrar ofertas e anúncios relevantes”.
— Essa atualização não afeta a privacidade mais do que afetava antes — avalia Claudio Martinelli, diretor geral da Kaspersky para a América Latina. — O WhatsApp é um aplicativo do Facebook há muitos anos. As conversas não são violadas, e continuarão protegidas, mas o Facebook usa dados do aplicativo para melhorar suas ferramentas de individualização de ofertas.
A nova política de privacidade mantém a criptografia de ponta a ponta, ou seja, nem o próprio WhatsApp tem acesso ao conteúdo das mensagens e das chamadas. Os anúncios publicitários também continuam proibidos. Mas as novas regras abrem caminho para a integração com outras plataformas do grupo.
“Por exemplo, permitir que você conecte sua conta do Facebook Pay para realizar pagamentos no WhatsApp ou habilitar a conversa com seus amigos em outros Produtos das Empresas do Facebook, como o Portal, conectando sua conta do WhatsApp”, diz o contrato.