Uma dessas equações se chama quociente partidário, que define quantas cadeiras cada partido terá. A Justiça Eleitoral usa uma segunda fórmula: o quociente eleitoral. “É a quantidade mínima de votos que os partidos precisam ter para eleger os deputados”, esclarece Mauricio Romão, economista e analista político.
Especialistas ouvidos pelo portal UOL explicam a diferença entre escolher um puxador de voto e um candidato com menos popularidade.
Puxa voto e também sobra. Apesar de o “puxador” colaborar para que o número de cadeiras cresça, se os demais candidatos da legenda não acompanharem o volume de votos, as vagas sobram e são repassadas para outros partidos.
“O eleitor tem que se preocupar não só em votar em puxadores, mas também em candidatos que ele entende que sejam interessantes”, afirma a cientista política Andréa Freitas, professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e coordenadora do Núcleo de Instituições Políticas e Eleições do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
O cientista politico e professor convidado da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), Hilton Cesario Fernandes, avalia que o eleitor também deve ter em mente que:
- O seu voto pode ajudar a eleger outro candidato do partido ou da federação;
- Isso acontece porque os menos votados ajudam na soma dos votos que serão considerados para o número de cadeiras;
- Mas só os mais votados têm chances reais de se elegerem.
Menos quatro cadeiras. Nas eleições de 2018, o PSL, à época partido do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi a legenda que mais recebeu votos para deputado federal no país. Eduardo Bolsonaro (PL), que disputava a reeleição pelo PSL, foi o deputado federal mais votado pelo estado de São Paulo, com 1,8 milhão de votos. Outro nome da legenda lançado à época foi o de Joice Hasselmann (hoje no PSDB), que recebeu mais de 1 milhão de votos.
Com dois grandes puxadores de voto, o partido teve a possibilidade de eleger 14 deputados federais por São Paulo. No entanto, só dez candidatos atingiram ou superaram os 10% do quociente eleitoral —que naquele ano foi de 29 mil votos. As outras quatro cadeiras, então, foram distribuídas para os demais partidos —independentemente da ideologia de cada legenda.
Adversário está ao lado. A presidente da Abrapel (Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais), Mara Telles, aponta que uma “eleição personalista” como a que acontece no Brasil privilegia a estratégia do voto na pessoa e não no partido.
Segundo Mara, as estratégias no país têm sido concentradas na personalidade e atributos do candidato, não tanto no partido. “Seu próprio adversário é o seu puxador de voto”, diz, destacando que todos os candidatos devem atingir o quociente eleitoral e estar próximo do “puxador” para garantir o mandato.
Cláudio Couto, cientista político e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), sugere que os partidos identifiquem candidatos que não terão um desempenho tão bom, mas podem ser eleitos pelo efeito dos puxadores de votos, e reforcem essas campanhas até o dia da eleição.
Voto na legenda. Eleitores também podem votar no número do partido —é o chamado voto na legenda. Essa estratégia aumenta as chances de o partido ocupar mais cadeiras na Câmara, mas os candidatos precisam atingir ou superar os 10% do quociente eleitoral de seu estado para conseguir a vaga.
Para Couto, porém, a opção pela legenda não é boa porque o eleitor não pode escolher para qual candidato seu voto vai. “Quando você faz o voto de legenda, você abre mão de definir qual é a ordem que o partido pode ter nos seus candidatos”, diz.
Mais cadeiras, mais governabilidade. Uma Câmara dos Deputados com uma base governista maior do que a da oposição ajuda o presidente da República na sua governabilidade. Ou seja, os projetos de lei defendidos pelo chefe do Executivo têm mais chances de avançar.