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O navio de cruzeiro australiano Greg Mortimer, em Montevideu, em 7 de abril de 2020 / Foto: Reprodução
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quarta-feira 8 de abril de 2020 às 06:55h

Voo humanitário vai repatriar australianos em navio ancorado no Uruguai

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O governo do Uruguai autorizou a chegada de um voo humanitário na quinta-feira para repatriar passageiros australianos e neozelandeses do navio de cruzeiro ancorado por dias na costa de Montevidéu, informou nesta última terça-feira (7) o Ministério das Relações Exteriores uruguaio.

“O governo autorizou o desembarque e a decolagem de um voo charter em 9 de abril. Este é um avião médico contratado pela companhia de cruzeiros Aurora para repatriar passageiros australianos e neozelandeses no navio Greg Mortimer”, segundo o comunicado da chancelaria.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Talvi, informou através do Twitter que a operação é possível “após intensas conversas e estreita cooperação com o governo australiano”.

Antes, a companhia de navegação australiana Aurora Expeditions, dona do navio, havia relatado que os passageiros australianos “provavelmente voltarão para casa quinta ou sexta-feira”, acrescentando que estava sendo solicitada a permissão do governo australiano para que os neozelandeses pudessem viajar no mesmo avião.

Ainda não se sabe o que acontecerá com os passageiros europeus e americanos.

A empresa também revisou para cima o número de infectados com a COVID-19 para 128, dos 81 confirmados na segunda-feira, e disse que 89 apresentaram resultado negativo para o vírus.

No entanto, o governo uruguaio opera com base em que todas as pessoas que viajam no navio de cruzeiro estão contaminadas.

“Embora existam muitos negativos nos exames iniciais, estamos trabalhando na hipótese de que todos estão infectados ou contaminados”, afirmou Talvi na segunda.

O Greg Mortimer, com bandeira das Bahamas, com mais de 200 passageiros e tripulantes a bordo, está ancorado a cerca de 20 km do porto de Montevidéu há mais de uma semana.

Até agora, o governo uruguaio só permitiu o desembarque de seis pacientes “com risco de vida”. Segundo a imprensa local, são três australianos, dois filipinos e um britânico que estão sendo tratados em hospitais particulares da capital uruguaia.

O ministro uruguaio da Saúde, Daniel Salinas, disse nesta terça-feira à AFP que os seis evacuados “se encontram estáveis”.

Os dois que estão no hospital Casmu “estão isolados em um quarto compartilhado, com oxigênio e (se encontram) estáveis”.

Sobre os quatro internados no hospital Britânico, “dois estão em quarto normal, um está assintomático e outro com insuficiência respiratória, mas totalmente controlada”.

Outros dois se encontram em cuidados intensivos, “um com OAF, que é uma forma de fornecimento de oxigênio”, e o outro “está para ser extubado”.

“Os seis se encontram estáveis. Tomara que continuem evoluindo bem”, disse o ministro.

Talvi informou na tarde de terça-feira que “é possível” que duas outras pessoas a bordo do navio sejam evacuadas.

“O estado de saúde delas se deteriorou e necessitam de hospitalização em Montevidéu”, afirmou.

Segundo a companhia de navegação, entre os passageiros e a tripulação que ainda estão confinados ao navio, “não há casos de febre”.

Avião médico


O AirbusA340 que executará a evacuação foi recondicionado para a tarefa. “Ele está configurado com instalações médicas e será gerenciado de acordo com o atual protocolo Covid-19 para garantir a saúde e a segurança de todos a bordo”, relatou a Aurora Expeditions.

O avião vai partir de Portugal a Montevidéu e voará para Melbourne com os passageiros, que, na chegada, deverão realizar uma quarentena de 14 dias em uma instalação equipada para esse fim.

No caso de passageiros europeus e americanos que deram positivo para o coronavírus, a empresa indicou que “eles devem esperar até obter um resultado negativo” para organizar sua partida por São Paulo e depois para o destino final.

 “Sem dúvidas voltarei ao Uruguai”

Quanto à primeira fonte de contágio, acreditasse que tenha sido em Ushuaia, a cidade do sul da Argentina de onde o navio partiu em 15 de março, com destino às Ilhas Falkland, Geórgia do Sul e depois navegar pela costa da Península Antártica.

Mas, após os primeiros sinais da Covid-19 entre os passageiros, o navio mudou de rumo e acabou ancorando em frente a Montevidéu, depois que o governo negou permissão para desembarcar.

No entanto, um grupo de médicos e pessoal de laboratório uruguaios embarcaram no navio no domingo para realizar testes e fornecer assistência médica.

A equipe de saúde estava em contato telefônico com os pacientes e acompanhava os casos remotamente.

“Nossa temperatura é medida pelo menos uma vez por dia e, obviamente, somos solicitados a telefonar se não estivermos bem”, disse à AFP o passageiro australiano Charley Nadin, anestesista de 67 anos de idade.

“As autoridades de saúde em Montevidéu têm sido incrivelmente boas e não há nada além de elogios de todos nós em relação a elas”, acrescentou, assegurando que está de bom humor e não está tentando buscar culpados pela situação pela qual está passando.

“Todo mundo quer ir para casa. Não é um pesadelo, mas não é a situação ideal. Há muitas pessoas a bordo que nunca passaram por dificuldades e isso é bastante assustador para muitas pessoas”, disse Nadin, que viajou com John Clifford, cirurgião de 71 anos, com quem compartilha o isolamento na cabine.

Ambos garantem que desejam retornar ao país que agora só veem de longe.

“Eu realmente quero voltar para Montevidéu e ver o lugar que está tão perto de mim, por causa da maneira como eles nos trataram”, disse Nadin.

Seu parceiro Clifford concorda. “Definitivamente voltarei ao Uruguai. Irei à ópera lá”.

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