O vereador Cláudio Tinoco (DEM) foi o mediador, na manhã desta terça-feira (26), de um webinar que debateu as perspectivas de retorno às aulas em Salvador. A videoconferência foi transmitida pela TV Câmara (12.3).
“Menos de seis meses após registrar os primeiros contaminados, alguns países já voltaram às aulas presenciais. A gente sabe que essa não é uma decisão fácil, mas ela precisa ser tomada. É claro que com protocolos a serem seguidos”, defendeu Cláudio Tinoco. O vereador disse que a discussão do webinar está presente em toda sociedade. O vereador sugeriu à Secretaria Municipal de Educação (Smed) a elaboração um protocolo para a retomada a ser apresentado nas próximas semanas.
A pneumologista e representante do movimento de pais Volta às Aulas Salvador, Larissa Voss Sadigursky, defendeu o retorno facultativo das aulas desde que sejam respeitados os protocolos e com os profissionais de grupo de risco afastados. “O Brasil é líder mundial de escolas fechadas e a Bahia segue esse percurso. Único estado que não tem ainda o protocolo de retomada”, pontuou Larissa Voss.
A representante destacou que a defesa do grupo é pautada em evidências científicas. “Diversos estudos ratificam que as crianças transmitem menos, agravam menos e têm menor risco de óbito. Nos países que retomaram as aulas não se identificou o aumento do óbito entre as crianças”, afirmou. Larissa Voss também observou que nenhuma imunização priorizou as crianças. “Não sabemos nem se haverá vacina para esse grupo”.
O professor e coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado (APLB-BA), Rui Oliveira, defendeu que as aulas não sejam retomadas. “Ano letivo se recupera. Vidas, não”, enfatizou. “Se fizerem uma consulta com quem faz a educação saberão que não é momento de voltar. O Enem foi um exemplo disso. 50% dos estudantes ficaram fora do exame porque insistiram em realizar a prova”, afirmou.
De acordo com Rui, a APLB fez uma pesquisa com 330 municípios e 13 mil educadores afirmaram que só retomariam as aulas com vacina. “Não queremos voltar por voltar. Queremos voltar com segurança e respeito à vida”, disse Rui pedindo que os participantes conheçam as escolas públicas do estado. “Algumas não têm nem sanitário. Como garantir os protocolos desegurança?”, pontuou. Ele defendeu, ainda, que os profissionais de educação sejam priorizados na imunização para que as aulas possam ser retomadas.
O diretor do Sindicato das Escolas Particulares da Bahia (Sinepe-BA), Jorge Tadeu, disse que em 2020 foi feito um “arremedo para não perder o ano”. “Há coisas que só se aprende no convívio social. Esse ano o conteúdo foi enfatizado, mas todo processo de socialização não aconteceu”, destacou.
“Se os professores da rede pública se recusarem ao retorno, eles estão deixando o medo e o receio preponderarem. Eu acredito que a discussão seria pensarmos no retorno das aulas, pois sabemos que quando um jovem evade da escola, para ele retornar é difícil”, avaliou Jorge Tadeu.
Ele afirmou ainda que apenas 15% do alunado da educação infantil fez matrícula e defendeu que o retorno seja discutido com cada unidade escolar para saber as possibilidades de cada uma. “Se nós cuidarmos de cada um dos envolvidos nesse processo, nós teremos um ambiente seguro e saudável para esse retorno”, pontuou.
O secretário municipal de Educação, Marcelo Oliveira, defendeu o retorno às aulas. “O risco em sala de aula vai ser menor do que as crianças estão expostas atualmente”, considerou ao pontuar que muitos alunos já frequentam festas, shoppings e estão brincando nas ruas.
Para Marcelo Oliveira, recuperar o ano “perdido” é extremamente difícil. “Se fosse possível recuperar não teríamos o fracasso que é o ensino de jovens e adultos (EJA)”, defendeu. “Os alunos já perderam um ano e estamos no risco de ter que recuperar mais um ano”, afirmou.