A antropóloga Beatriz de Almeida Matos vai chefiar a diretoria que cuida de povos indígenas isolados e de recente contato no Ministério dos Povos Indígenas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela é a viúva de Bruno Pereira, assassinado enquanto trabalhava com indígenas do Vale do Javari, na Amazônia, em junho de 2022. A região é considerada a com maior concentração de comunidades isoladas no mundo.
Professora da Faculdade de Ciências Sociais e da Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará, Beatriz tem experiência de trabalho e pesquisa na terra indígena do Vale do Javari. Ela tem mestrado e doutorado em antropologia social. A nomeação foi publicada na última terça-feira, 14, pela Casa Civil.
Bruno Pereira foi morto enquanto realizava um trabalho voluntário de preparar indígenas para defender o próprio território. Ele era acompanhado pelo jornalista inglês Dom Phillips, também assassinado. A ação vinha contrariando interesses do crime organizado na região de tríplice fronteira por resultar em apreensões de itens retirados ilegalmente do território preservado. A Polícia Federal concluiu que o duplo homicídio foi praticado a mando de um estrangeiro acusado de liderar uma rede de pesca e exploração ilegais.
Desde que o duplo homicídio ganhou repercussão nacional, Beatriz tem participado de debates alertando para a escalada da criminalidade no Javari e lutando para que as mortes de Bruno e Dom não tenham sido em vão.
“É uma honra fazer parte desse ministério. Aceitei o desafio com esperança, alegria e saudade. Vou com ele e vários parceiros para fazermos o que sonhamos juntos”, comentou a antropóloga, nas redes sociais.
O casal veio morar em Brasília em 2018, quando Bruno Pereira assumiu a Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Fundação Nacional do Índio (Funai). Na fundação desde 2010, ele vinha sofrendo perseguições internas por contrariar interesses de exploradores ilegais.