Viúva de Adriano da Nóbrega, que foi morto em fevereiro de 2019, Julia Emilia Mello Lotufo vive atualmente sob segurança de seis agentes da elite da Polícia Civil do Rio de Janeiro 24 horas por dia.
Segundo reportagem de Vera Araújo, no jornal O Globo deste domingo (1º), os policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) pagos pelo Estado se revezam na escolta da viúva do miliciano, que hoje é casada com o empresário Eduardo Giraldes e mora em um condomínio de luxo à beira-mar na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca.
Os agentes do grupo de elite da polícia fluminense ganham cerca de R$ 10 mil, mais um gratificação de R$ 1,5 mil mensais. Além dos gastos com salários, o governo do Rio banca combustível da escolta e dos deslocamentos dos agentes, que se revezem em turnos para fazer a segurança.
A decisão para a escolta partiu da Secretaria Estadual de Polícia Civil quando Júlia se ofereceu pra fazer um acordo de delação premiada, falando tudo o que saberia a partir de sua união estável com Adriano, chefe do chamado Escritório do Crime, grupo de extermínio ligado à milícia de Rio das Pedras.
O acordo começou a ser alinhado com as promotoras Simone Sibílio e Leticia Emile, que investigavam o assassinato de Marielle Franco. Em troca de informações sobre o crime, Julia queria deixar o país.
No entanto, a delação gerou uma crise no Ministério Público que culminou com a saída das duas procuradoras do caso.
O promotor Luís Augusto Soares assumiu as negociações, mas travou a delação quando Julia apontou uma pessoa que teria foro privilegiado em seu depoimento.
Agentes do Grupo Especial de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP-RJ, no entanto, disseram não ver novidades no início dos depoimentos e rejeitou a delação. Mesmo assim, a escolta pelo Estado continua.