De acordo com Heliana Frazão, do O Estado de São Paulo, as unidades de saúde de Salvador têm relatado alta procura de pacientes com sintomas de virose após as festas carnavalescas. A Secretaria de Saúde da capital baiana ainda não tem números fechados sobre os atendimentos, mas diz ser comum o surgimento e aumento dos registros, que ocorrem não apenas pela aglomeração de pessoas nas ruas, mas também pelos hábitos adotados pelos foliões durante os dias de folia.
Os hábitos a que se refere a secretaria de saúde municipal são atestados por especialistas: os foliões costumam dormir pouco, com alimentação inadequada, além do excesso de bebida alcoólicas, fatores que naturalmente provocam situações de desidratação, diarreia, fraqueza e sintomas gripais. “Por se tratar de pacientes com sintomas variados e que normalmente não configuram doenças de notificação obrigatória, não há, até o momento, a identificação de aumento de um quadro viral comum a todos”, diz a secretaria.
Na Diretoria de Vigilância à Saúde (DVIS), a informação é de que o setor segue atento e monitorando o cenário na capital baiana e reitera que a maioria dos casos pode ser tratada em casa, sem a necessidade de ir aos postos de saúde, “para que esses possam acolher os casos que requerem maior atenção e cuidados, por conta de riscos à vida e complicações maiores”, orienta a médica infectologista da SMS, Adielma Nizarala.
A protética Oliene Santos Souza, de 41 anos, brincou carnaval apenas na quinta e na sexta-feira. Três dias depois precisou procurar uma UPA. Os sintomas começaram com dor na garganta e evoluíram para fortes dores de cabeça e dificuldade de respirar. Ela passou o dia sob atendimento na unidade e retornou para casa ao anoitecer. Cinco dias depois teve uma recaída, mas dessa vez não procurou auxílio médico, dando sequência ao tratamento prescrito na UPA.
Com a funcionária pública federal Carla Mangieri, de 50 anos, foi um pouco diferente. Ela sequer foi a um dos circuitos da folia. Acredita ter sido infectada pela filha, que foi um único dia assistir ao desfile do seu bloco preferido. A moça já chegou em casa se sentido mal e dois dias depois ela e a mãe estavam com muita dor no corpo, febre, diarreia e tosse com secreção. “Não entendo porque eles ficam negando se todos sabem que os postos estão lotados. Ainda hoje não me restabeleci completamente”, afirma.
As três pessoas citadas na reportagem fizeram o teste para detecção da covid-19 , mas tiveram resultado negativado. Em todo o Estado, o número mais recente, que data de 12 a 23 de fevereiro, aponta que 88 pessoas apresentaram casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab).