O ato de vandalismo contra o monumento a Mãe Stella de Oxóssi, em Salvador, foi repudiado por vereadores soteropolitanos. Luiz Carlos Suíca (PT), Sílvio Humberto (PSB) e Marta Rodrigues (PT) se manifestaram contra o ato de intolerância religiosa e cobraram apuração e punição dos autores. Instalada na avenida de mesmo nome, que liga a Paralela ao bairro de Stella Maris, a obra do artista plástico Tatti Moreno foi incendiada na madrugada do último domingo (4).
“É totalmente inadmissível que um monumento em homenagem a alguém com tamanha grandeza para nossas memórias e para nossa história seja alvo de vandalismo”, disse Suíca. “Não podemos admitir esse tipo de situação. Cobramos das autoridades celeridade nas investigações e que, confirmando o ato de intolerância religiosa, os culpados sejam devidamente punidos”, frisa Suíca, destacando que serão acionados o Ministério Público e demais órgãos competentes.
“Não vamos deixar que a memória de Mãe Stella seja manchada. Ela lutou sempre por respeito à diversidade e precisamos preservar a cultura afro e respeitar as diferenças, um legado dela, inclusive”, completa destacando o monumento já foi vandalizado outras vezes.
Racismo religioso
A vereadora Marta Rodrigues também cobrou apuração. “Não é a primeira nem a segunda vez que isto ocorre. Não costumamos ver outras estátuas pegando fogo dessa forma. É mais um ato de vandalismo, que se configura como racismo religioso, dada a representatividade de Mãe Stella para o candomblé e para as religiões de matriz africana”, declarou.
Segundo Marta, é necessária uma apuração rigorosa para descobrir como se deu o incêndio e garantir maior proteção aos símbolos religiosos do povo negro. “Se não cobramos, naturalizamos e deixamos que aconteça outras vezes. Precisamos exigir medidas para combater crimes como esses”, acrescentou.
O vereador Sílvio Humberto também repudiou o ato e cobrou rigorosa investigação. “O racismo religioso pôs fogo no monumento de Mãe Stella de Oxóssi, uma das maiores ialorixás do país. Um crime que escancara a intolerância e o ódio aos símbolos e representações de matriz africana. Mais um ataque à liberdade religiosa. Racismo é crime”, disse.
Sílvio Humberto lembrou, ainda, a necessidade de aplicação da Lei nº 9.451/2019 Estatuto da Igualdade Racial e Combate à Intolerância Religiosa, que contou com sua relatoria. “É preciso fazer valer na prática a luta de uma década para a cidade mais negra fora do continente africano aprovar essa lei que garante uma série de direitos individuais, difusos e coletivos à população negra”, disse.
O vereador completou que a questão “também perpassa pela fiscalização, encaminhamento das ocorrências às instituições, e, destacadamente, a adoção de medidas necessárias para o combate à intolerância com as religiões de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores, conforme determina o Artigo 36, capítulo III, da lei”.
A fim de coibir incêndios desse tipo, o parlamentar disse que está dando andamento a um projeto que dispõe sobre a não utilização de elementos inflamáveis, como fibra de vidro, nylon, dentre outros, em esculturas e monumentos públicos.