Proposta de Angelo Coronel versa sobre o fim da exigência de 30% de candidaturas femininas nas chapas eleitorais
A vereadora Marcelle Moraes (sem partido) afirmou que discorda do projeto de lei do senador baiano Angelo Coronel (PSD), protocolada na última quarta-feira (27) e que propõe o fim da exigência de 30% de candidaturas femininas nas chapas eleitorais.
No entendimento de Marcelle, o texto é um retrocesso e a luta para que as mulheres conquistem cada vez mais espaço na política ganha mais um obstáculo e pode estar ameaçada.
Lembrando que foi a vereadora mais votada do Norte/Nordeste nas eleições de 2016, Marcelle classificou o projeto de “machista”, repudiando-o. Ela afirmou que não aceitará apática qualquer tentativa de diminuir a participação da mulher em instâncias políticas.
“Ao contrário dele (do senador Coronel), defendo não somente as cotas para o mínimo de mulheres ocuparem uma chapa, como também proponho que exista uma porcentagem mínima de 30% para que mulheres sejam eleitas”, frisou a vereadora.
Ela acrescentou que o momento é de agregar mais espaços para o público feminino e não simplesmente tirar “por não ver efetividade” nas ações. “É um absurdo, um retrocesso num momento em que discussões sobre o empoderamento feminino, dentre outros temas ligados às mulheres, estão cada vez mais fortes”, analisou.
Para a vereadora, a suplência de uma mulher também deveria ser do mesmo gênero. “Nada mais justo em provocar estímulos para que o campo feminino adentre na política. Não aceitarei nenhum direito a menos, ainda que sejamos minoria no espaço político”, defendeu Marcelle.
“Falso moralismo e dissimulação”
De acordo com o vereador Luiz Carlos Suíca (PT) “a proposta não tem fundamento” e representa um “ataque aos direitos das mulheres”. O petista diz que “não é porque o PSL errou ao criar candidaturas ‘laranjas’ que vai se propor uma lei para acabar com um direito conquistado”. Suíca criticou o fato de Coronel ter sido eleito na chapa do governador Rui Costa (PT).
“Na campanha foi uma coisa e agora coloca as mangas de fora. Defendi no início da campanha de 2018 o nome da senadora Lídice da Mata (PSB), mas sou de grupo e me pediram para ajudar a eleger Coronel. Coisa que me arrependo amargamente. Peço desculpas para minhas filhas, irmãs, para minha esposa e para a alma da minha mãe. Nunca pensei que fosse sentir tamanha vergonha. É cada eloquência que as vezes a gente pensa que é fake news ou apenas uma medida para ‘se aparecer’ já que está longe dos holofotes. Antes era o centro das atenções quando presidente da Assembleia”, critica.